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Fundo do FGTS para PAC terá teto e só sai em 2008
Limite deve ser de 30% para aplicação em cada setor definido no programa
FI-FGTS prevê investimento
de até R$ 17 bi do fundo dos
trabalhadores em obras de
saneamento, rodovias, portos,
ferrovias, hidrovias e energia
JULIANNA SOFIA
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem previsão de entrar em
funcionamento antes do final
do ano, o Fundo de Investimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) terá um teto de 30% para aplicação em cada setor da infra-estrutura definido pelo PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), além do limite
de aplicação em cada projeto
individualmente. A Folha apurou que a regra constará de regulamento do Conselho Curador do FGTS.
Considerado uma das principais medidas do PAC, o
FI-FGTS prevê o investimento
de até R$ 17 bilhões do fundo
dos trabalhadores em obras
nos setores de saneamento, rodovias, ferrovias, hidrovias,
energia e portos. O limite por
área busca evitar que o FGTS
concentre investimentos em
um determinado setor, deixando outros descobertos.
"Se o percentual estivesse na
lei, seria mais difícil fazer eventuais ajustes no teto. Estando
numa norma infralegal, dá
mais flexibilidade", diz Paulo
Furtado, secretário-executivo
do Conselho Curador do FGTS.
Segundo ele, esses ajustes
podem ser necessários caso um
determinado setor alcance o
teto de 30% e ainda apresente
demanda por mais recursos,
enquanto em outras áreas exista sobra de dinheiro.
Por resolução, o conselho já
abriu a possibilidade de as
obras em infra-estrutura financiadas pelo fundo incluírem não só a construção mas
reformas e ampliação. Também definiu que o FI-FGTS só
poderá bancar 30% de cada
projeto, devendo outros 30%,
pelo menos, virem obrigatoriamente da iniciativa privada. O
restante do investimento, afirma Furtado, poderia sair de
fundos de pensão de estatais,
bancos oficiais ou das PPPs
(Parcerias Público-Privadas).
O regulamento a ser definido
pelo Conselho Curador do
FGTS está em fase adiantada
de elaboração, apesar de depender de uma norma ainda
em estudo na CVM (Comissão
de Valores Mobiliários).
Emaranhado
É justamente o emaranhado
de resoluções e normativos em
torno do FI-FGTS que vem
atrasando o início de seu funcionamento. Segundo a Folha
apurou, o governo já conta com
a possibilidade de ver o PAC
completar um ano sem que nenhuma obra com recurso do
fundo de investimento esteja
na rua. Nos prognósticos mais
otimistas, o FI-FGTS entrará
em funcionamento no final do
ano, mas os primeiros projetos
só teriam condições de sair do
papel em 2008. Em 22 de janeiro, o PAC completará um ano.
"Os investimentos em infra-estrutura no país já estão atrasados em 10 ou 15 anos. Nesse
contexto, tudo o que diz respeito ao setor é para ontem. O
ideal é que o fundo já estivesse
em funcionamento, mas isso
não reduz seu impacto no futuro", diz o vice-presidente-executivo da Abdib (associação
que reúne a indústria de base),
Ralph Lima Terra.
Lentidão
A medida provisória 349, que
criou o Fundo de Investimento
do FGTS, levou cinco meses para ser aprovada e só foi convertida em lei no final de junho. No
início do mês passado, o Conselho Curador do FGTS baixou
uma primeira resolução com as
diretrizes gerais para o FI-FGTS. Agora, o assunto precisa
ser normatizado pela CVM.
"A lei que criou o fundo exige
que a CVM faça uma regulamentação específica. Não há
atualmente nenhuma instrução em vigor que possa ser aplicada ao fundo do FGTS. Teremos que fazer algo novo", disse
a superintendente de Desenvolvimento de Mercado, Aline
de Menezes Santos.
Quando o processo de consulta interno sobre a regulamentação começar, serão ouvidos vários departamentos da própria CVM e a norma ainda
precisará ser aprovada pela diretoria colegiada. Depois disso,
a regulamentação entrará em
consulta pública por um prazo
de 30 dias. Encerrada essa fase,
será preciso uma nova análise
para saber o que será incorporado à legislação. Só depois será
publicada a versão final.
Então será a vez de o conselho curador aprovar o regulamento que "esmiuçará" todos
os aspectos para a operacionalização do fundo.
Com essas regras definidas, a
Caixa Econômica Federal-administradora do fundo- precisará definir procedimentos internos para o funcionamento.
A partir daí, os projetos de investimento ainda terão de ser
analisados para, só então, os recursos serem liberados, e as
obras, iniciadas.
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