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Cresce investimento em ação para fortalecer marca
Patrocínios e ações sociais ganham espaço da propaganda focada em preço e produto
"Personalidade" da marca
pode desempatar disputa
por consumidor em cenário
de produtos de valor e
qualidade semelhantes
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em tempos de preço e qualidade semelhates entre as marcas, a concorrência agora passa
a ser pela atitude. As ações de
marca -como patrocínios culturais e esportivos, ações sociais e ambientais- devem levar 21% dos investimentos em
comunicação das empresas
neste ano, considerando o que
já foi investido até junho e a
previsão para o resto do ano, segundo a agência Significa.
"Qualidade e preço hoje são
commodities, por isso as empresas estão investindo mais
em ação", diz o presidente da
Significa, Yacoff Sarkovas.
As cervejas têm qualidade e
preços semelhantes, por exemplo, mas a ligação com modernidade, vida urbana ou a preocupação ambiental na produção podem fazer o consumidor
decidir, geralmente inconscientemente, por um ou outro
produto, afirmam os consultores de gestão de marca.
"É um movimento claro das
empresas, não é mais tendência", diz o gerente de projetos
da consultoria de marcas
Troiano, Ricardo Longo.
Uma festa de música eletrônica, uma campanha de doação
e o investimento em pesquisa
para reprodução de uma espécie ameaçada de extinção são
exemplos dessas ações, que dão
personalidade à marca, aproximando-a do consumidor.
"As empresas conseguem um
intercâmbio até de emoção",
diz o sócio-consultor da Top
Brands Guilherme Belluzzo. O
Skol Beats seria um exemplo de
ação de marca em evento de entretenimento. O cliente vai ao
show, vê pessoas bonitas, dança
e associa a "felicidade à marca".
Sarkovas usa o exemplo de
um espelho para explicar o que
a atitude da marca traz para o
consumidor. "É como se ele
passasse pelas gôndolas de supermercado sem escolher, até
que se visse refletido."
Em ações sociais, esse benefício vai além do indivíduo, ainda que com intenção de aumentar os lucros. "De uma maneira ou de outra, as empresas
estão fazendo o bem. Estamos
em um sistema capitalista, então nada mais natural do que
visar o lucro. Antes elas não devolviam nada à sociedade", diz
o consultor da Global Brands,
José Roberto Martins.
Para a Taeq, marca exclusiva
do Pão de Açúcar lançada em
2006, esse tipo de ação é fundamental, já que se trata de linha
com conceito de "bem-estar".
"Ele precisa ser explicado para
o consumidor, o que é feito por
meio das ações de marca", diz
Silvana Balbo, gerente da Taeq.
Patrocínio
Entre as ações promovidas
neste ano, estão os patrocínios
da Casa Cor e do desfile da estilista Isabela Capeto na São
Paulo Fashion Week.
Cada investimento tem ligação com os pilares da marca
-orgânico, nutrição, casa, esporte e beleza. A participação
da SPFW, por exemplo, ligou a
marca ao conceito de produtos
orgânicos, que era o tema do
desfile de Capeto.
Os investimentos totais nessas ações de marca chegaram a
R$ 1,1 milhão neste ano, sem
contar o patrocínio da Maratona Pão de Açúcar de Revezamento, ainda não definido.
Em 2008, o investimento deverá chegar a 11% do orçamento para a área de marketing,
previsto em R$ 20 milhões.
Pesquisa
Os atributos que o consumidor liga à marca em razão das
ações são mostrados na pesquisa "Percepção dos Consumidores sobre as Atitudes das Marcas", realizada pela Significa,
com 50 pessoas de 19 a 50 anos,
as quais foram divididas em oito minigrupos.
O tom psicológico da pesquisa ajudou a mostrar que o consumidor -já acostumado e
com percepção aguçada sobre a
intenção marquetológica das
ações de marca- quer ver o resultado das ações mais complexas, como os programas sociais.
É um novo estágio que esse
tipo de comunicação tem de alcançar, segundo Sarkovas.
Em casos como o Skol Beats,
os resultados são bastante perceptíveis. Isso é bem mais difícil em programas sociais e ambientais, já que têm duração
mais longa e poucas vezes as
empresas prestam contas da
ação que fizeram.
"As ações de marca também
geram passivos", afirma Sarkovas. De acordo com a pesquisa,
é mais prejudicial à empresa
realizar ações que deixem o
consumidor desconfiado sobre
sua veracidade do que não realizá-las.
A pesquisa é um exemplo do
interesse que as empresas têm
nesse tipo de ação, já que foi patrocinada por dez grupos que
terão acesso às conclusões e deverão usá-las para aumentar a
eficácia desse método.
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