São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Queda da Bovespa divide analistas e gestores mundiais

DA BLOOMBERG

Analistas, banqueiros e investidores se dividem sobre o estágio do mercado acionário brasileiro. Roberto Egydio Setubal, do Banco Itaú, diz que o Brasil se transformou depois de sua inflação anual ter caído para 6,1%, diante dos 6.800% de abril de 1990, e após o país ter recebido seu primeiro grau de investimento das agências de risco. Já o megainvestidor Mark Mobius, da Templeton, não está convencido disso, num momento em que as taxas de juros brasileiras sobem ao ritmo mais acelerado entre os países em desenvolvimento e os investidores estrangeiros vendem ações como nunca.
"Não se pode dizer que o país mudou", disse Mobius, que administra cerca de US$ 40 bilhões em ações de emergentes. "A experiência em gastos governamentais responsáveis e orçamentos equilibrados é relativamente curta. A inflação era alta. Todos temos de ficar muito atentos com a possibilidade de essas coisas voltarem."
A venda maciça de ações desbancou o Brasil da posição de mercado de melhor desempenho entre os 20 maiores neste ano, e a Templeton está entre as várias empresas que ficaram menos otimistas com o Brasil.
""Se as commodities não se saírem bem, o Brasil não se sairá bem", disse Nicholas Morse, diretor, em Londres, de ações latino-americanos na Schroders, que gerencia US$ 260 bilhões. O país ""deveria registrar crescimento maior caso fosse capaz de levantar e dizer "este é um novo Brasil", de levantar com China e Índia".
O Brasil já se transformou, diz Setubal, para quem o país rompeu com seu histórico de 185 anos de surtos de inflação galopante e de colapso da economia e está criando as melhores condições de negócios jamais vistas. ""As perspectivas para as empresas aqui instaladas continuam sendo muito positivas a médio prazo, com oportunidades em todos os setores. Não há motivos para deixar de ser otimista", disse.
""O Brasil ainda é um destaque do ponto de vista de valorização, do ponto de vista do crescimento", disse William Landers, que administra US$ 1 bilhão do fundo de emergentes da BlackRock, em Nova York. O fundo, que caiu 17% desde o recorde de pontuação da Bovespa, tem cerca de 20% de seus ativos em ações brasileiras.
""Comparados com um ano atrás, os problemas do Brasil se agravaram", disse Morse, da Schroders. ""Sem dúvida, houve melhoria de grandes proporções desde a década de 70 e de 80. Mas o mundo todo mudou."


Texto Anterior: Recuo de Petrobras e Vale arrasta outras ações
Próximo Texto: Estrangeiros ditam oscilação do mercado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.