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RENOVAÇÃO
Ao Conselho de Desenvolvimento Econômico, ministro diz que, dependendo dos termos, novo acordo pode ser bom
Negociar com o FMI não é ruim, diz Palocci
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VIVALDO DE SOUSA
COORDENADOR DE ECONOMIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, disse ontem que
"negociar [um novo acordo] com
o FMI [Fundo Monetário Internacional] não é necessariamente
ruim, depende das bases em que
isso ocorre".
A declaração foi dada durante a
parte fechada da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, mas reproduzida
por quatro conselheiros que estavam presentes.
Palocci admitiu que, em uma
conversa com o Fundo, tocou na
possibilidade de renovação do
acordo, que expira ao final deste
ano. O FMI já avisou ao governo
brasileiro que o acordo pode ser
prorrogado, caso o país necessite.
"Já conversamos com o Fundo
sobre isso e eles responderam que
aceitariam", disse Palocci, ontem.
Sempre que era questionado, o
ministro afirmava que a discussão
com o Fundo seria feita em outubro. Segundo ele, caso o Brasil decida não renovar, o FMI se dispôs
a adotar uma política de acompanhamento e apoio às políticas
econômicas do país.
A Folha apurou que, apesar de a
equipe econômica ser favorável à
renovação do acordo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda
não tomou uma decisão sobre o
assunto. O acordo acaba no final
do ano, mas as últimas metas a serem cumpridas pelo país são as
relativas ao trimestre que terminará neste mês.
O FMI deve completar hoje a
quarta revisão do acordo em vigor, que permitirá um desembolso de US$ 4,16 bilhões ao país
-de um pacote total de quase
US$ 31 bilhões.
O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, não confirma nem o saque nem a renovação
do acordo, mas disse que o governo está tranquilo em relação ao
pagamento de seus compromissos externos em 2004 e que a renovação do acordo, se houver,
funcionaria como um seguro.
"Estamos tranquilos em relação
aos fluxos do balanço de pagamentos. Resta saber se vamos
querer assegurar isso", disse.
Nessa linha, Canuto lembrou
que existem acordos preventivos
à disposição dos membros do
FMI. Esses acordos não estariam
vinculados a empréstimos específicos. Palocci já disse que um novo acordo poderia ser feito em
"bases novas", capitalizando os
bons resultados apresentados pelo Brasil até agora.
Canuto deixou claro, porém,
que, com ou sem acordo, o governo não vai mudar conceitos já
consolidados no mercado financeiro internacional. "O nosso
compromisso é de queda da dívida pública em relação ao PIB
[Produto Interno Bruto]. Estaremos chamando de dívida tudo o
que for considerado no cálculo
dos agentes econômicos", disse.
Palocci disse, de acordo com os
conselheiros, que um dos pontos
que certamente será revisto em
uma eventual renegociação é
aquele que considera o investimento das empresas estatais como gasto e, consequentemente,
eleva o déficit público.
"Um item que discutimos bastante foram as bases do investimento das estatais, que hoje o
FMI considera como componente do déficit público", relatou o
empresário Antoninho Marmo
Trevisan. Segundo ele, Palocci assegurou que, em caso de novas
negociações com o Fundo, isso
deverá mudar.
O ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social) disse que um dos
pedidos dos conselheiros é que as
estatais que tenham boa situação
financeira possam ter outro tratamento no caso de um novo acordo. Isso já acontece hoje com a Petrobras.
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