São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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País deve abrir novo caminho, vê economista

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Ricardo Carneiro diz que o governo brasileiro deve correr o risco de não renovar o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que vence em dezembro. "O governo deve buscar uma aliança com os setores produtivos para fazer uma política econômica independente e que garanta o crescimento sustentado", diz ele. Carneiro é diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp. (SANDRA BALBI)

 

Folha - O governo deve renovar o acordo com o FMI?
Ricardo Carneiro -
Na minha opinião, ele não deve renovar e deve buscar novas articulações internas e externas, tentar fazer um pacto com os setores produtivos interessados no crescimento econômico para fazer uma política diferente da que o Fundo preconiza. É um risco, mas, se ele conseguir fazer isso, talvez consiga abrir um novo caminho.

Folha - O governo tem cacife para não renovar o acordo?
Carneiro -
O governo poderia ter criado condições melhores para não renovar o acordo se tivesse aumentado as reservas líqüidas do país [total de reservas depositadas no Banco Central, sem os recursos do FMI]. Mas, desde o início do governo até hoje, ele acrescentou apenas US$ 10 bilhões às reservas: saiu de US$ 12 bilhões em janeiro de 2003 para US$ 22 bilhões no final de agosto.

Folha - E qual a conseqüência?
Carneiro -
O governo ficou prisioneiro dessa política e não pode dispensar o Fundo. O problema de renovar o acordo é que a política do Fundo pode inviabilizar o crescimento.

Folha - Mas a economia não está crescendo?
Carneiro -
A economia está crescendo apesar do acordo com o Fundo, pois as condições internacionais foram extremamente favoráveis, permitindo uma expansão das exportações. Sem o Fundo, teríamos crescido antes e mais fortemente. A política do Fundo -altas taxas de juros e superávit primário- subtrai dinamismo da economia e impede o crescimento sustentado.


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