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Dívida poderá migrar entre bancos
Correntista vai autorizar transferência sem o pagamento de tributos; governo anuncia pacote hoje
Obrigatoriedade da conta salário também estará no pacote, o qual permite que o trabalhador transfira o valor de um banco a outro
LEANDRA PERES
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pacote de redução dos juros bancários que será anunciado hoje pelo governo incluirá
pelo menos duas medidas principais: a autorização para que
os correntistas transfiram suas
dívidas de um banco para outro, sem o pagamento de tributos, e a obrigatoriedade da conta salário, que, na prática, permitirá que o trabalhador repasse seu salário, sem custo, para
uma instituição diferente da
que recebe seus vencimentos.
"As medidas serão anunciadas amanhã (hoje) e têm o objetivo de reduzir o "spread'", disse
o ministro Guido Mantega (Fazenda). "Spread" é a diferença
entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos nos
empréstimos aos correntistas.
Embora Mantega tenha negado, há possibilidade de o governo aprovar hoje, também
durante a reunião do CMN, a
permissão para que os bancos
financiem imóveis com desconto em folha de pagamento.
O pacote incluirá também a
redução no valor de R$ 5.000
das operações de crédito que os
bancos têm de incluir na Central de Risco de Crédito. A ampliação da central custará R$
40 milhões ao governo.
A obrigatoriedade da conta
salário não terá aplicação imediata para todos os trabalhadores. Ela é considerada a medida
mais importante do pacote.
A Folha apurou que o governo estabelecerá um período de
transição para respeitar contratos e acordos que tenham sido fechados entre os bancos e
os empregadores e dará prazo
para que os sistemas de informática dos bancos sejam adaptado para essas operações.
A decisão do governo atende
o lobby bancário contrário à
portabilidade dos salários no
caso de acordos já assinados.
Hoje, as empresas recebem entre R$ 4 milhões e R$ 50 milhões dos bancos para transferir suas folhas de pagamento
para uma instituição por períodos de cinco anos. O governo
avalia que haveria contestações
jurídicas caso impusesse a
obrigatoriedade da conta salário sem prazo de transição.
O processo para transferência do salário deverá ser simples. O trabalhador terá de ir
apenas uma vez ao banco em
que recebe para autorizar a
operação. A partir daí, a instituição financeira ficará encarregada de repassar o dinheiro
mensalmente para o banco indicado pelo cliente.
Já a migração de dívidas será
um pouco mais trabalhosa para
o correntista. Ele terá de negociar com duas instituições bancárias: aquela em que ele tem o
financiamento e o banco no
qual conseguiu refinanciar sua
dívida com juros mais baixos. A
portabilidade valerá para todos
os tipos de dívida -crédito direto ao consumidor, financiamento de veículos-, exceto para os créditos habitacional e
consignado, que não poderão
migrar entre os bancos.
Sem CPMF e IOF
A contrapartida a todo esse
trabalho será a chance de fazer
a transferência sem o pagamento da CPMF e do IOF. Os
bancos poderão cobrar tarifas
de seus clientes nessas operações, mas o governo vai regulamentar essa cobrança de modo
que não inviabilize a operação.
Hoje, quando refinancia suas
dívidas em outro banco, o contribuinte paga os impostos
duas vezes. A primeira, quando
saca o dinheiro de sua conta
corrente para quitar o débito
no banco em que tomou o empréstimo originalmente. O segundo recolhimento acontece
no momento em que o cliente
paga as prestações do novo financiamento: quando os recursos saem da conta e quitam a
dívida, há incidência da CPMF.
A medida que será anunciada
hoje dispensa o pagamento da
CPMF e do IOF na transferência dos recursos entre um banco e outro.
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