São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo ampliará resgate de dívida

Tesouro e BC recomprarão papéis da dívida externa que vencem até 2012

Objetivo é reduzir a vulnerabilidade externa, mas operação tem impacto negativo sobre a dívida interna, mais "cara"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu ampliar seu programa de resgate antecipado de títulos da dívida externa brasileira negociados no mercado internacional. A partir de hoje, o Tesouro Nacional, em conjunto com o Banco Central, começa a recomprar papéis que vençam até 2012.
Trata-se de uma prorrogação do programa de resgate anunciado no começo do ano. A intenção era recomprar só os títulos com vencimento até 2010, além dos "bradies" -papéis emitidos na renegociação do calote da dívida externa dado pelo Brasil nos anos 80.
Se ficasse restrito aos títulos que vencem até 2010, as recompras atingiriam no máximo US$ 20 bilhões -dos quais cerca de US$ 13 bilhões já haviam sido resgatados no primeiro semestre. Com a extensão, o governo poderá recomprar um adicional de US$ 4,8 bilhões.
A equipe econômica afirma que o objetivo das recompras é reduzir a vulnerabilidade externa do país. Quanto menor a dívida externa, menor a necessidade do governo em obter dólares para o pagamento das parcelas. Num cenário de crise internacional, por exemplo, um país com uma dívida externa menor corre menos risco de ficar sem dólares suficientes para honrar os compromissos.
Estima-se que as recompras até junho reduzam em US$ 9,3 bilhões o volume de recursos que seriam enviados ao exterior. Porém essa estratégia tem um efeito negativo sobre a dívida interna do governo.
O dinheiro usado pelo Tesouro e o BC para resgatar os títulos da dívida externa saem das reservas em moeda estrangeira do país. Essas reservas têm sido reforçadas pelas compras de dólares que o BC tem feito no mercado de câmbio.
Já essas compras de dólares são financiadas pela emissão de títulos públicos negociados no mercado brasileiro. E, como os juros pagos pelos papéis negociados no Brasil são bem maiores do que a taxa oferecida pelos títulos da dívida externa, a troca acaba resultando em custos elevados para o governo.
Para ter uma idéia, o risco Brasil tem ficado perto de 200 pontos, o que significa que os juros pagos pelos títulos da dívida externa brasileira superam em cerca de dois pontos percentuais a taxa oferecida pelos papéis do governo americano. Os juros básicos dos EUA estão hoje em 5,25% ao ano.
Já a rentabilidade dos títulos públicos negociados pelo Brasil acompanha a taxa Selic, que está em 14,25% ao ano.


Texto Anterior: Dívida poderá migrar entre bancos
Próximo Texto: Bolsa de SP sobe 0,98%, e dólar recua a R$ 2,124
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.