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Governo ampliará resgate de dívida
Tesouro e BC recomprarão papéis da dívida externa que vencem até 2012
Objetivo é reduzir a vulnerabilidade externa, mas operação tem impacto negativo sobre a dívida interna, mais "cara"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu ampliar
seu programa de resgate antecipado de títulos da dívida externa brasileira negociados no
mercado internacional. A partir de hoje, o Tesouro Nacional,
em conjunto com o Banco Central, começa a recomprar papéis que vençam até 2012.
Trata-se de uma prorrogação
do programa de resgate anunciado no começo do ano. A intenção era recomprar só os títulos com vencimento até
2010, além dos "bradies" -papéis emitidos na renegociação
do calote da dívida externa dado pelo Brasil nos anos 80.
Se ficasse restrito aos títulos
que vencem até 2010, as recompras atingiriam no máximo
US$ 20 bilhões -dos quais cerca de US$ 13 bilhões já haviam
sido resgatados no primeiro semestre. Com a extensão, o governo poderá recomprar um
adicional de US$ 4,8 bilhões.
A equipe econômica afirma
que o objetivo das recompras é
reduzir a vulnerabilidade externa do país. Quanto menor a
dívida externa, menor a necessidade do governo em obter dólares para o pagamento das parcelas. Num cenário de crise internacional, por exemplo, um
país com uma dívida externa
menor corre menos risco de ficar sem dólares suficientes para honrar os compromissos.
Estima-se que as recompras
até junho reduzam em US$ 9,3
bilhões o volume de recursos
que seriam enviados ao exterior. Porém essa estratégia tem
um efeito negativo sobre a dívida interna do governo.
O dinheiro usado pelo Tesouro e o BC para resgatar os títulos da dívida externa saem
das reservas em moeda estrangeira do país. Essas reservas
têm sido reforçadas pelas compras de dólares que o BC tem
feito no mercado de câmbio.
Já essas compras de dólares
são financiadas pela emissão de
títulos públicos negociados no
mercado brasileiro. E, como os
juros pagos pelos papéis negociados no Brasil são bem maiores do que a taxa oferecida pelos títulos da dívida externa, a
troca acaba resultando em custos elevados para o governo.
Para ter uma idéia, o risco
Brasil tem ficado perto de 200
pontos, o que significa que os
juros pagos pelos títulos da dívida externa brasileira superam em cerca de dois pontos
percentuais a taxa oferecida
pelos papéis do governo americano. Os juros básicos dos EUA
estão hoje em 5,25% ao ano.
Já a rentabilidade dos títulos
públicos negociados pelo Brasil
acompanha a taxa Selic, que está em 14,25% ao ano.
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