São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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PRODUÇÃO
Fiesp vê melhora "consistente" no nível de atividade, mas reação é desigual; metalurgia não vai bem
Vendas da indústria crescem 5,8%

LUCIA REGGIANI
da Reportagem Local

As vendas da indústria paulista cresceram 5,8% em agosto passado em relação a julho e, pela primeira vez neste ano, superaram as do mesmo mês de 1998, com alta de 0,7%. O resultado sobre o mês anterior é o segundo melhor de 99, só superado pela expansão de 10,24% registrada em março.
A produção também aumentou, apresentando em agosto crescimento de 2,1% em relação a julho. Mesmo assim, está longe de ultrapassar o desempenho do ano passado -houve queda de 2,6% sobre agosto de 98 e de 7,6% nos oito primeiros meses de 99 em relação ao mesmo período de 98.
Os dados do INA (Indicador de Nível de Atividade), já descontados os fatores sazonais do período, foram divulgados ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de são Paulo).
"Os sinais de melhora são consistentes, até porque a base de comparação, agosto de 98, foi um período anterior à crise russa. Mas a atividade industrial deveria estar crescendo mais", avalia Clarice Seibel, diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Boa parte do crescimento das vendas globais da indústria em agosto está ligada à construção civil. "Em metalurgia, aumentaram as vendas de vergalhões. Cimento, vidro e cerâmica se destacaram em minerais não-metálicos, e até o mobiliário vendeu 11% mais", diz Clarice Seibel.
Os setores que mais contribuíram para o aumento da atividade industrial em agosto foram: produtos de material plástico (5,4%), material de transporte (1,9%), minerais não-metálicos (1,8%) e mobiliário (1,6%).
Os produtos de material plástico apresentaram expansão em todos os tipos de uso acompanhados pela Fiesp, com destaque para as resinas plásticas utilizadas em embalagens. "Isso mostra a recuperação do setor alimentício e de higiene e limpeza", diz a diretora da entidade.
A má surpresa em agosto foi o desempenho do setor metalúrgico, que recuou 1,3% em relação a julho, ficando abaixo das expectativas da Fiesp. Embora as vendas totais da metalurgia tenham aumentado 6% no mês, o setor enfrenta problemas localizados.
A demanda não tem sido uniforme. Enquanto cresce a procura por aços longos na construção civil, cai a procura por aços planos na indústria automobilística.
Mas é no mercado externo que a situação do setor metalúrgico se complica. As exportações brasileiras de aço estão sujeitas a cotas e sobretaxas nos EUA e respondem a processos antidumping no Canadá e na Argentina.
Por conta do ambiente desfavorável às exportações brasileiras na América Latina e da instabilidade interna, que freia o consumo, a Fiesp prevê altos e baixos pela frente.
Para os próximos dois meses, a entidade projeta queda do INA de 1,6% em setembro e crescimento de 2,3% em outubro.



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