São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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MEGAFUSÂO
Duas gigantes das telecomunicações, a MCI e a Bell South, disputam terceira maior do ramo nos EUA
Compra da Sprint aquece Bolsa de NY

MALU GASPAR
de Nova York

O setor de telecomunicações dos Estados Unidos está prestes a realizar a maior fusão da história. Duas empresas, a nacional MCI WorldCom. e a regional Bell South Corp., disputam, desde domingo, a compra da terceira maior do ramo no país, a Sprint. Seja qual for o resultado final da "guerra" de ofertas, o valor do negócio -que pode variar de US$ 93 bilhões a US$ 100 bilhões- será maior do que qualquer outro já realizado.
Até então, o maior negócio do gênero havia sido a compra da Mobil pela Exxon, por um valor total de US$ 82,5 bilhões.
A MCI World Com. vinha negociando a compra da Sprint já há duas semanas, por valores não divulgados. A empresa tampouco confirmava a operação, que, no entanto, foi acompanhada e descrita com detalhes pela imprensa norte-americana.
No último domingo, a Bell South fez uma oferta de cerca de US$ 72 bilhões pela Sprint, além de ter se proposto a assumir a dívida de US$ 13 bilhões assumida pela empresa, sem contar o preço a ser pago pelas ações da Sprint PCS, empresa do grupo que controla a telefonia celular. A oferta da MCI, feita nos mesmos termos, teria tido como preço base US$ 65 bilhões, segundo o "Wall Street Journal".
A MCI opera telefonia de longa distância e é a segunda maior do ramo, atrás apenas da AT&T. Em julho do ano passado, arrematou por R$ 3,4 bilhões a Embratel, ganhando o maior leilão de privatização da história do Brasil. A Bell South atua em nove Estados da região Sudeste do país e não faz ligações de longa distância.
As duas empresas procuram, com a aquisição, aumentar o alcance de seus negócios.
Com a compra, além dos US$ 17 bilhões de rendimento anual da Sprint, a Bell South teria a oportunidade de operar ligações de longa distância nos Estados Unidos, transformando-se numa empresa nacional.
Já a MCI WorldCom está interessada na rede nacional de telefonia celular operada pela Sprint.
Até o fechamento desta edição, a diretoria da Sprint ainda estava reunida para definir com qual das duas empresas faria negócio.
Durante todo o dia, os rumores no mercado eram de que a MCI tinha mais chances do que a concorrente de ganhar a disputa. A avaliação da maioria dos analistas econômicos norte-americanos era de que a junção com a MCI, com a formação de uma rede nacional de telefonia celular, seria mais atraente para os investidores e, portanto, teria mais potencial para crescer.
O raciocínio foi assimilado pelos investidores da Bolsa de Valores de Nova York, que operou em alta durante todo o dia, por causa desta e de outras fusões anunciadas ontem nos Estados Unidos. As ações da Sprint chegaram a subir 7% e foram das mais negociadas ontem na Bolsa. As ações da MCI também estiveram em alta durante todo o dia, enquanto as da Bell South fecharam em baixa.
Por causa disso, a Bell South aumentou, no final da tarde de ontem, o valor base da oferta feita à Sprint para US$ 77 por ação, além de ter também elevado o valor dos bônus e das ações da subsidiária de telefonia celular.
Ainda que seja definida nos próximos dias, a compra da Sprint ainda deverá ser avaliada pela FCC (Federal Communications Commission), órgão que regula o setor nos Estados Unidos.
Por exigência da FCC, ambas poderão ter de abrir mão de negócios -a MCI, do ramo da Sprint que negocia o tráfico de informações pela Internet, e a Bell South, da telefonia celular.


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