São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Expectativa é que BC dos EUA mantenha juros no nível atual; Fundo sugere 3º aumento no ano
Mercado espera que Fed contrarie FMI

MARCIO AITH
de Washington

O Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) decide hoje se eleva, pela terceira vez em 1999, as taxas de juro de curto prazo no país.
Os mercados avaliam que o Fed irá manter as atuais taxas, apesar do crescente temor entre os investidores, governos e organismos multilaterais de que a economia norte-americana está superaquecida e caminha para um colapso caso não seja ajustada a tempo.
Acreditando que o Fed julgará desnecessária uma elevação dos juros, investidores voltaram a colocar dinheiro nas Bolsas. O índice Dow Jones subiu 1,25%. O Nasdaq, que mede o comportamento das empresas do setor de informática e de Internet, subiu 2,2%.
Caso não eleve as taxas de juros, o Fed estará trilhando um caminho diverso daquele sugerido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na semana passada, o Fundo reconheceu que um desaquecimento brusco da economia norte-americana poderia detonar uma nova crise dos mercados mundiais. Para evitar esse desaquecimento brusco, sugeriu novos aumentos dos juros nos EUA e a desvalorização do dólar para corrigir o déficit comercial e cortar pela metade o crescimento do consumo na maior economia do mundo.
O FMI mandou sinais nesse sentido por meio do seu diretor de pesquisa, Michael Mussa, e de diversos apelos feitos aos Estados Unidos no Panorama Econômico Mundial, relatório semestral do Fundo.
Mussa sugeriu que o Fed (o banco central norte-americano) eleve mais uma vez as taxas de juros do país até o final do ano e, talvez, promova um outro aumento em março de 2000.
"Minha preferência pessoal seria promover um novo aperto (na política monetária dos EUA) até o final do ano", disse Mussa, referindo-se ao aumento dos juros dos Estados Unidos. "E, depois, esperar pelas incertezas da passagem para o ano 2000 e rever a situação em março ou maio do próximo ano."
Desde janeiro, o Fed já promoveu duas elevações das taxas de curto prazo para conter a inflação. O Fundo acha que essas elevações podem não ter sido suficientes.

Reflexo
As sugestões do Fundo afetam diretamente a economia brasileira. Novos aumentos dos juros norte-americanos e a redução do valor do dólar tendem a controlar a inflação dos Estados Unidos, mas podem causar pânico nos mercados, derrubar Bolsas e prejudicar economias em desenvolvimento, especialmente as da América Latina.


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