São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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Mercado prevê a manutenção dos juros

MAURO TEIXEIRA
da Reportagem Local

O mercado financeiro aposta em uma postura conservadora do Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião de amanhã. É quase consenso entre economistas e operadores a crença de que não haverá mudança na taxa de juros básicos (Selic), que hoje está fixada em 19%.
Com o cenário político dominando as análises econômicas -além da decisão do STF suspendendo a cobrança da previdência de servidores, a votação de hoje na Câmara do fator previdenciário preocupa os analistas-, o mercado de modo geral está pessimista sobre uma mudança na taxa de juros.
"É muito provável que não haja alteração na taxa, o que acho positivo, já que o governo mostraria assim uma atitude cautelosa após a derrota no STF", afirma Rubens Sardenberg, economista-chefe do ABN-Amro.
Na opinião de Sardenberg, uma queda, mesmo que pequena (0,25 ponto percentual, por exemplo), só ocorrerá com o surgimento hoje de notícias muito positivas nos cenários interno e externo, o que ele acha improvável.
Nem mesmo a queda de ontem nas taxas de juros futuros da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) animou os profissionais de mercado, que avaliaram o comportamento como uma simples correção.
De acordo com José Cândido de Melo, gerente de câmbio e renda fixa do Banco Tendência, o mercado está apenas "recolocando o juro futuro em um patamar mais realista, pois aumentou muito os prêmios (o que se paga a mais pelo risco futuro) depois da decisão do STF na quinta-feira".
Nos contratos futuros de DI negociados no pregão da BM&F, a taxa projetada para o final deste mês é de 19,21% ao ano.
Mas a liquidez está concentrada nos contratos com vencimento em dezembro, que projetam juro de 20,24% anuais para o mês novembro, ante 20,73% ajustados na última sexta-feira.
O DI de janeiro (taxa para dezembro) fechou em 21,38% ao ano, contra 22,21% do pregão anterior de sexta.
Marcelo Allain, economista-chefe do banco Interamerican Express, também acredita que o Copom (formado por diretores do Banco Central) adotará uma postura cautelosa amanhã.
"Ainda existe espaço para uma queda, mas ela precisa ser dosada. Como a taxa foi reduzida há cerca de duas semanas, o Copom deve ser cauteloso. Não deve alterar os juros e manter o viés neutro."
Os mais otimistas apostam que uma decisão do Fed Reserve (banco central dos EUA), que se reúne hoje, de manter a taxa de juros norte-americanas e o anúncio de medidas positivas pelo governo podem permitir uma pequena redução da Selic -0,25 ponto percentual, no máximo.
"Até a semana passada o cenário era outro, e esperávamos até uma queda da Selic para 18,5%", afirmou José Cândido de Melo, do Banco Tendência.


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