São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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CALOTE
Investidor exige pagamento imediato dos "bradies"; sucre se desvaloriza mais 9,4% diante do dólar
Credores ameaçam processar Equador

das agências internacionais

Os credores do Equador anunciaram ontem que planejam processar o país em tribunais norte-americanos se o governo equatoriano não pagar os juros e o principal de sua dívida em "bradies" (títulos da dívida externa renegociada).
O Equador decretou uma moratória parcial dos "bradies" no dia 26 de setembro, quando anunciou que pagaria apenas os juros relativos aos títulos não-garantidos por bônus do Tesouro norte-americano.
A idéia do governo era forçar os credores a buscar as garantias depositadas no Fed (o banco central dos EUA) de Nova York.
Os credores, porém, não aceitaram receber as garantias e passaram então a exigir o pagamento integral e imediato da dívida, que totaliza US$ 1,4 bilhão. Eles ameaçam agora processar o país pelo descumprimento de suas obrigações.
O presidente do Equador, Jamil Mahuad, disse ontem que uma eventual execução judicial só afetaria parte dos bens do Equador. A medida não atingiria as reservas internacionais, que estão em nome do banco central, uma entidade autônoma.
"O único bem que poderiam tomar de nós é o da República do Equador. As reservas internacionais são intocáveis porque estão no BC", disse.
De acordo com Mahuad, também são "intocáveis" o patrimônio do setor privado e as empresas estatais como o Petroecuador.
O presidente procurou tranquilizar o mercado afirmando que o país dispõe de "uma completa equipe de advogados em Nova York, que defenderá o Equador".
Mahuad ressaltou ainda que "o processo vai demorar algum tempo, durante o qual o Equador irá tentar negociar uma redução substancial da dívida externa".
A ameaça de processo judicial fez o sucre, a moeda equatoriana, cair mais 9,4% ontem. O dólar terminou cotado a 14.635 sucres contra 13.370 sucres na sexta-feira. Com isso, o volume das reservas internacionais caiu 1,8% em uma semana, somando US$ 1,3 bilhão.
O presidente Mahuad voltou a afirmar que o país só pagará "o que estiver dentro da capacidade do Equador". O país, que vive a pior recessão dos últimos 70 anos e ainda não se recuperou dos efeitos da baixa dos preços do petróleo -principal produto exportado- no ano passado, alega que não tem condições para honrar seus compromissos externos.
Só a dívida do país em "bradies" soma US$ 6 bilhões, o que representa 37% do total da dívida externa, de US$ 16 bilhões. O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma das riquezas produzidas no país, é de US$ 15,5 bilhões.


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