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CALOTE
Investidor exige pagamento imediato dos "bradies"; sucre se desvaloriza mais 9,4% diante do dólar
Credores ameaçam processar Equador
das agências internacionais
Os credores do Equador anunciaram ontem que planejam processar o país em tribunais norte-americanos se o governo equatoriano não pagar os juros e o principal de sua dívida em "bradies"
(títulos da dívida externa renegociada).
O Equador decretou uma moratória parcial dos "bradies" no dia
26 de setembro, quando anunciou que pagaria apenas os juros
relativos aos títulos não-garantidos por bônus do Tesouro norte-americano.
A idéia do governo era forçar os
credores a buscar as garantias depositadas no Fed (o banco central
dos EUA) de Nova York.
Os credores, porém, não aceitaram receber as garantias e passaram então a exigir o pagamento
integral e imediato da dívida, que
totaliza US$ 1,4 bilhão. Eles ameaçam agora processar o país pelo
descumprimento de suas obrigações.
O presidente do Equador, Jamil
Mahuad, disse ontem que uma
eventual execução judicial só afetaria parte dos bens do Equador.
A medida não atingiria as reservas internacionais, que estão em
nome do banco central, uma entidade autônoma.
"O único bem que poderiam tomar de nós é o da República do
Equador. As reservas internacionais são intocáveis porque estão
no BC", disse.
De acordo com Mahuad, também são "intocáveis" o patrimônio do setor privado e as empresas estatais como o Petroecuador.
O presidente procurou tranquilizar o mercado afirmando que o
país dispõe de "uma completa
equipe de advogados em Nova
York, que defenderá o Equador".
Mahuad ressaltou ainda que "o
processo vai demorar algum tempo, durante o qual o Equador irá
tentar negociar uma redução
substancial da dívida externa".
A ameaça de processo judicial
fez o sucre, a moeda equatoriana,
cair mais 9,4% ontem. O dólar
terminou cotado a 14.635 sucres
contra 13.370 sucres na sexta-feira. Com isso, o volume das reservas internacionais caiu 1,8% em
uma semana, somando US$ 1,3
bilhão.
O presidente Mahuad voltou a
afirmar que o país só pagará "o
que estiver dentro da capacidade
do Equador". O país, que vive a
pior recessão dos últimos 70 anos
e ainda não se recuperou dos efeitos da baixa dos preços do petróleo -principal produto exportado- no ano passado, alega que
não tem condições para honrar
seus compromissos externos.
Só a dívida do país em "bradies"
soma US$ 6 bilhões, o que representa 37% do total da dívida externa, de US$ 16 bilhões. O PIB
(Produto Interno Bruto), que representa a soma das riquezas produzidas no país, é de US$ 15,5 bilhões.
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