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ENERGIA
Produto é reajustado em 10,6%; é a quinta vez que a estatal reajusta o preço dos seus derivados em apenas 10 dias
Agora Petrobras sobe preço do gás natural
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou ontem o
aumento de 10,6% no preço do
gás natural importado da Bolívia.
O reajuste não é válido para o gás
de botijão, mas sim para o produto, canalizado e distribuído para
indústrias, pontos comerciais e
residências em alguns Estados.
Essa é a quinta vez que a Petrobras aumenta o preço de seus derivados nos últimos dez dias. O
GLP para uso industrial já havia
subido duas vezes e o óleo combustível e o querosene de aviação
uma vez cada um.
Antes do reajuste, o preço do
gás boliviano era de US$ 3,30 por
milhão de BTU (unidade de medida do produto). Do total de gás
natural consumido no país (24
milhões de metros cúbicos), 13
milhões de metros cúbicos são
importados da Bolívia.
Para o consumidor final, o impacto deve ser pequeno. Somente
em São Paulo é que existe uma rede mais expressiva de distribuição
residencial. Nos demais Estados,
o foco das distribuidoras é a indústria. O contrato para aquisição
do gás boliviano prevê reajustes a
cada três meses.
Mais aumento
A Petrobras comunicou às distribuidoras e à ANP (Agência Nacional do Petróleo) que subirá novamente o preço do GLP para uso
industrial. Trata-se de uma forma
de a estatal "comer pelas beiradas" e evitar perdas maiores com
o controle de preço do produto,
tabelado desde 19 de agosto para a
utilização residencial.
Segundo a Folha apurou, o assunto foi tratado anteontem numa reunião no Rio entre representantes da Petrobras, da ANP e
das distribuidoras. O novo aumento deve ser anunciado nos
próximos dias.
No encontro, a Petrobras se
comprometeu a não reduzir imediatamente as importações do
produto e as engarrafadoras, a
realizar estudos para comprar diretamente no exterior. A estatal já
chegou a informar que diminuiria
em 20% as compras de GLP no
exterior, mas voltou atrás.
Num intervalo inferior a uma
semana, a Petrobras subiu o preço
do GLP industrial duas vezes. Em
23 de setembro, o aumento foi de
5,9%. No dia 30, foi de 5,7%.
Sem poder reajustar o gás de cozinha para uso doméstico, a Petrobras tem adotado uma estratégia de aumentar os produtos "periféricos", cujo impacto no bolso
do consumidor é indireto. É o caso do querosene de aviação, do
óleo combustível (insumo industrial e de geração termelétrica) e
do GLP industrial. Todos esses
derivados subiram recentemente.
O óleo combustível teve alta de
9,7% em 30 de setembro. No dia
seguinte, o querosene de aviação
subiu 16,3%.
De acordo com o ex-assessor da
ANP Adriano Pires, do CBIE
(Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), a estratégia da Petrobras
evita que uma perda de receita
ainda maior por causa da diferença do preço interno dos derivados
e o do mercado internacional.
No caso da gasolina, por exemplo, Pires calcula que a defasagem
chega a 30% e que a estatal perde
R$ 73 milhões por mês.
No mercado, ganha força a possibilidade de o preço do gás de cozinha (botijão de 13 kg) não ser
reajustado até o fim do ano, ao
contrário do esperado inicialmente, quando se apostava num
aumento logo após as eleições.
É que o produto tem impacto
importante na inflação, sobretudo no orçamento das famílias de
menor renda, e não seria conveniente ficar com esse desgaste
num final de governo.
Depois de informar que já estava faltando gás, o Sindigás (sindicato das distribuidoras) amenizou o discurso. O diretor Agostinho Simões disse ontem que não está havendo problemas de abastecimento.
Simões afirmou que algumas dificuldades "isoladas" foram causadas mais pela parada de duas refinarias em São Paulo do que por redução nas importações.
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