|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOJA
Mesmo com proibição de lei estadual, aquisições são feitas no RS e na Argentina; Requião vê perdas para o Estado e o país
Produtor do PR compra semente transgênica
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A existência de uma lei estadual
que proíbe o plantio, a comercialização e o transporte de soja
transgênica não impediu que produtores paranaenses comprassem sementes geneticamente modificadas para plantio nesta safra.
No ano passado, a Agência Folha constatou o plantio em várias
áreas do sudoeste do Estado. Para
esta safra, que tem seu pico de
plantio neste mês e em novembro
no Paraná, produtores do sudoeste, oeste e de alguns municípios
do noroeste já estocam sementes
transgênicas para o plantio.
Produtores das regiões de Francisco Beltrão e Pato Branco (no
sudoeste), de Palotina, Cascavel e
Toledo (oeste) e de Goioerê (centro-noroeste) ouvidos pela Agência Folha confirmaram a tendência de a soja geneticamente modificada avançar nessas regiões.
As sementes vêm de produtores
do Rio Grande do Sul e de contrabando da Argentina, onde é permitido plantar soja transgênica.
O avanço nas regiões oeste e sudoeste do Paraná representa um
grande impacto. As duas regiões
respondem por 32,7% da área que
será plantada com soja no Estado,
segundo estimativa do Deral (Departamento de Economia Rural).
Segundo os números do Deral,
o Paraná plantará 4,07 milhões de
hectares, com previsão de colher
12,352 milhões de toneladas de
soja nesta safra de verão.
A proibição do governo criou
uma situação ambígua para as
cooperativas paranaenses. Ao
mesmo tempo em que defende o
respeito à lei estadual, que proíbe
o plantio, a Ocepar (Organização
das Cooperativas do Estado do
Paraná) divulgou estudo mostrando que os produtores economizarão US$ 250 milhões, por safra, se o plantio for adotado.
Flávio Turra, gerente técnico e
de comercialização da Ocepar, explica a ambigüidade. Segundo ele,
a Ocepar defende o plantio da soja
transgênica, "mas respeita a legalidade e orienta os produtores a
trabalhar dentro da lei".
Turra diz que a Ocepar quer regras claras. "Queremos o direito
de o produtor escolher entre a
transgênica, a convencional e a
orgânica. Existe mercado para todos, desde que aconteça uma segregação, evitando misturas."
Requião vê perda
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), diz que a
liberação, pelo Senado, para o
plantio de soja transgênica vai ser
uma derrota "pessoal e para o
país". Ele diz que a liberação abre
caminho para "o monopólio" da
soja nacional.
"A América Latina, Brasil à
frente, já supera os EUA na produção de soja. Agora querem
criar um monopólio do plantio de
soja, favorecendo uma empresa e
trazendo prejuízos para o país."
Sem citar diretamente a multinacional Monsanto, que detém a
patente da soja RR (Roundup
Ready), matriz das variedades desenvolvidas de soja transgênica
no país, ele insinuou que a empresa faz lobby para a aprovação da
lei no Senado. Requião admitiu
que a aprovação da liberação será
uma derrota pessoal em sua luta
por manter o Paraná como área livre de transgênicos.
Texto Anterior: Demanda e renda em alta elevam insumos e assustam arrendatários Próximo Texto: Saiba mais: Agricultor do RS começa plantio mesmo sem lei Índice
|