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SAIBA MAIS
Agricultor do RS começa plantio mesmo sem lei
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Produtores de soja dos municípios gaúchos de Cruz Alta e
Tupanciretã desistiram de esperar que o governo legalize o
uso de sementes transgênicas e
já começaram a plantá-las. A
previsão é que a maior parte do
plantio se inicie daqui a duas
semanas.
O presidente do Clube Amigos da Terra, Almir Rebelo, um
antigo defensor do plantio de
transgênicos, acredita que haja
cerca de 3% plantados na região de Tupanciretã. Um grupo
de 20 agricultores resolveu
plantar, segundo ele.
O presidente da Sociedade de
Engenheiros Agrônomos de
Cruz Alta, Nédio Giordani,
concorda que cerca de 3% dos
120 mil hectares destinados ao
plantio da soja nos municípios
da sua região estejam sendo
cultivados com transgênicos.
Um dos produtores que começaram o plantio afirmou
confiar nas declarações do ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, que tem dito haver
interesse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em resolver
a situação.
O produtor, que não quis se
identificar, disse que até agora
só plantou uma pequena
amostra, para estudar o comportamento da planta, mas que
em meados deste mês vai começar o plantio "para valer"
-as entidades agrícolas recomendam aos produtores que o
plantio se inicie após 20 deste
mês, devido ao clima. Antes
disso, a planta não se desenvolve suficientemente.
As entidades rurais também
emitiram nota criticando a
União pela ausência de legislação sobre o tema. "Esse tipo de
governo não nos serve", disse o
presidente da Farsul (Federação da Agricultura do RS), Carlos Sperotto.
Na nota, as entidades pedem
que Lula recorra a uma medida
provisória para resolver a situação. "Entendemos que não
haverá tempo hábil para uma
solução a cargo do Congresso,
considerando que o calendário
agrícola não está subordinado
às regras da burocracia."
"Neste início de primavera,
as entidades representativas do
agronegócio confiam em que o
presidente da República, dada
a relevância e urgência da matéria, saberá adotar medidas
que garantam o "tempo de semear" sem o que não haverá o
"tempo de colher'", diz a nota
assinada por entidades como
Farsul e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
A Lei de Biossegurança, que
pode definir a situação dos
transgênicos no país, aguarda
votação no Senado. Ela deve
ser a primeira matéria a ser
analisada pela Casa, mas terá
de voltar à Câmara depois, por
ter sido alterada pelos senadores, o que deve inviabilizar sua
aprovação antes do início da
época de plantar.
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