São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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Montadoras preparam novo reajuste

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A alta nos preços dos insumos -principalmente o do aço-, o aumento da demanda no mercado interno e o reajuste real nos salários dos trabalhadores resultaram num incremento de até 18% nos preços dos carros de janeiro até setembro deste ano. Novos aumentos de preços vão ocorrer até o final do ano e devem ultrapassar 6%, segundo a Folha apurou.
As montadoras informam que os carros estão mais caros por causa da alta nos preços do aço (45,2%), da borracha (9,45%), dos materiais plásticos (36,7%) e dos metais não-ferrosos (30,7%) de janeiro a setembro deste ano, segundo o IGP-M. A correção de 10% nos salários dos metalúrgicos, negociada no mês passado e paga neste mês, também pesou nos preços dos carros.
Na Fiat, os preços dos carros subiram em torno de 17% de janeiro a setembro deste ano -nesse percentual estão incluídos oito reajustes ao longo do ano. A previsão é de mais reajustes até dezembro, segundo informa a assessoria da montadora. Os percentuais ainda não foram definidos.
A GM também reajustou os preços da sua linha de veículos em torno de 17% ao longo deste ano. A partir de hoje, os carros da marca estão 2,3% mais caros, segundo informa a assessoria de imprensa da montadora. Ford e Volkswagen não informaram os reajustes de preços no acumulado do ano até o fechamento desta edição.
O aumento da procura por carros no mercado interno e o crescimento das exportações de veículos têm sido pontos favoráveis às montadoras para elevar os preços para as concessionárias.
De janeiro a agosto deste ano, as vendas de automóveis no mercado interno somaram 787,3 mil -12% mais do que em igual período de 2003. No mesmo período foram exportados 317,5 mil veículos -8,7% mais do que em igual período do ano passado, segundo levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
"Os aumentos nos preços dos insumos e o bom desempenho de vendas no mercado interno e no exterior vão contribuir para um reajuste de mais 6%, no mínimo, nos carros neste último trimestre", afirma Vitor Meizikas Filho, analista da Molicar, consultoria especializada em veículos.
Segundo ele, as montadoras têm outro ponto a favor. No exterior, um carro popular custa cerca de US$ 7.000 ou cerca de R$ 21 mil, o que significa "que elas estão mais ou menos dentro do mesmo padrão de preços". "O Uno Mille, o carro popular mais barato do país, custa cerca de R$ 18 mil."
"No segundo semestre do ano passado, os preços estavam em queda porque as vendas estavam retraídas. Houve congelamento de preço por conta do acordo com o governo de redução do IPI, que terminou em fevereiro", afirma Cláudio De Simone, coordenador da pesquisa mensal de preços da Autoinforme.
"O aquecimento das vendas no mercado interno já permite que as montadoras repassem ao consumidor os reajustes de suas tabelas." Na avaliação do especialista, os carros devem ser reajustados em média em 1,5% ao mês até o final deste ano.


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