São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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RETOMADA

Previsão é para vendas no mercado interno; alta em 2005 seria de 5,8%

Setor de aço revê de 9% para 14% crescimento neste ano

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

As vendas de aço no Brasil, considerado um dos melhores termômetros para medir o pulso do crescimento, deverão atingir neste ano o recorde de 17,6 milhões de toneladas, um crescimento de 14,3% em relação a 2003.
Os números foram divulgados ontem por José Armando Figueiredo de Campos, presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) e da CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), durante o 38º Encontro Anual do Aço, em Istambul (Turquia), que reúne os presidentes das maiores empresas siderúrgicas do mundo. A previsão do IBS do início do ano era de um crescimento de 9% para as vendas internas, um número já considerado bastante alto.
Para 2005, o IBS estima um crescimento menor das vendas internas. A previsão é de uma alta de 5,8% no consumo interno de aço, o que indica uma desaceleração no ritmo de expansão da economia. Diante do crescimento muito acima do esperado das vendas internas, as exportações de aço neste ano deverão somar 12 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 7,5% em relação a 2003. Já para 2005, a previsão do IBS é de uma alta de 3% das vendas externas.
De acordo com o IBS, o consumo aparente de aço-mercado interno mais importações-também subiu acima das expectativas, com uma alta de 13,9% sobre 2003. Para 2005, a previsão é de um crescimento de 6,3%.
Com esses resultados, a produção interna de aço atingirá neste ano o recorde de 33 milhões de toneladas, um crescimento de 6,1% em relação a 2003, de acordo com o IBS. O resultado fica bem acima dos 5% de expansão estimados pelo IBS no início do ano.
O desempenho da siderurgia neste ano reacende a discussão sobre a necessidade de novos investimentos no setor. Figueiredo de Campos acha prematuro a indústria partir para uma nova fase acelerada de investimentos principalmente com o Estado a frente do processo. "O grande erro dessa indústria foi ter, no passado, antecipado investimentos tendo o governo à frente", afirmou.
Os investimentos que estão programados serão, a seu ver, suficientes para atender a demanda dos próximos anos. Caso o Brasil continue crescendo a um ritmo mais acelerado, ele diz que a indústria tem como rapidamente se adequar a um novo mercado.
Além disso, o presidente do IBS chama a atenção para o fato de que o Brasil ainda exporta 12 milhões de toneladas de aço, quase 40% do que produz. Ou seja, o setor teria como atender às necessidades do mercado interno.
Ele argumenta ainda que ao nível elevado do preço do aço, hoje, em torno de US$ 500 dólares a tonelada, é muito difícil para a indústria começar a pensar em fazer estudos de viabilidade para novos investimentos. O preço médio histórico está na faixa de US$ 210 a tonelada. Além disso, o presidente do IBS disse que, em outros lugares do mundo, como nos EUA, estão sendo construídas novas usinas para atender a esse mercado. Dessa forma, o Brasil, segundo ele, corre o risco de fazer os investimentos e não ter para quem exportar.
Em posição completamente oposta está o presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, que também participa em Istambul do tradicional encontro internacional do aço. Segundo ele, se o Brasil continuar crescendo ao ritmo de 4% ano, em 2008 irá começar a faltar aço acabado.
O presidente da Usiminas afirmou, ainda, que, em 2005, irá apresentar ao board da empresa uma proposta de investimentos de cerca de US$ 600 milhões a US$ 800 milhões que inclui um novo alto-forno.


O jornalista Guilherme Barros viajou a Istambul a convite do grupo Gerdau

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