|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cade deve julgar caso Nestlé-Garoto de novo
TRF anula veto do órgão de defesa da concorrência a negócio concretizado em 2002, que criou grupo líder em chocolates
Cabe recurso à decisão; Cade apontou, em 2004, que a compra criava concentração de mercado e negou acordos propostos pelo grupo suíço
DA REDAÇÃO
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
terá que julgar novamente a
compra da Garoto pela Nestlé,
decidiu a 5ª Turma do TRF
(Tribunal Regional Federal) da
1ª Região. A decisão ocorre cinco anos e meio após o conselho
ter vetado o negócio, sob entendimento de que prejudicava a
concorrência no mercado doméstico de chocolates.
A compra do grupo nacional
Garoto pela Nestlé, no início de
2002, reuniu duas das três
maiores empresas de chocolate
do país (a outra era a Lacta) e
formou uma "gigante" com domínio de cerca de 50% do mercado, percentual que variava
conforme os critérios. O preço
não foi divulgado à época.
Essa concentração foi apontada como lesiva ao consumidor pelo Cade. Após o veto ao
negócio, em 2004, a Nestlé chegou a propor um plano de "desinvestimento" para reduzir
sua participação de mercado, o
que foi negado pelo órgão de
defesa da concorrência.
A publicação do acórdão (decisão do julgamento) do TRF-1
saiu no "Diário Oficial da Justiça" da última sexta-feira.
Cabe recurso à decisão do
TRF-1 tanto da parte do Cade
como da Nestlé. A Folha tentou entrar em contato com o
Cade no fim de semana, mas
não conseguiu localizar nenhum representante da autarquia vinculada ao Ministério da
Justiça. A tendência é que o
conselho decida recorrer.
Já a Nestlé divulgou nota em
que dizia não ter definido que
procedimento adotar.
"Em relação à decisão da 5ª
Turma do TRF que anulou o
veto do Cade para a compra da
Garoto pela Nestlé, a empresa
informa que, a partir da publicação do acórdão [na sexta],
avaliará criteriosamente os
próximos passos a serem seguidos", afirmou a companhia.
Apesar da ordem do Cade para que o negócio fosse desfeito,
a multinacional suíça conseguiu levar adiante a fusão. Após
ter sido malsucedida em tentativa de acordos e recursos na
esfera administrativa da própria autarquia, a empresa decidiu apelar à Justiça.
Em maio de 2005, obteve liminar na 4ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal em
que suspendia o prazo dado pelo Cade para que vendesse a
Garoto. Quase dois anos mais
tarde, o juiz Itagiba Catta Preta
Neto, da mesma vara, reestabeleceu a fusão, sob entendimento de que o Cade havia ultrapassado os prazos previstos em
lei para analisar a fusão.
Foi dessa decisão de 2007
que o Cade recorreu inicialmente, levando o caso ao TRF,
instância em que o julgamento
se arrastou por mais dois anos.
No comunicado à imprensa,
o grupo suíço destacou sua gestão à frente da Garoto, a despeito da decisão contrária do
Cade: "Recentemente, [a Nestlé] investiu mais de R$ 200
milhões na ampliação e na modernização de linhas de operação. Desde 2002, a fábrica em
Vila Velha (ES) vem ampliando
exportação [...] A unidade emprega 3.500 pessoas diretamente, um incremento de 700
postos de trabalho no período".
Texto Anterior: Governo paraguaio tem pressa no reajuste da energia de Itaipu Próximo Texto: Oferta: Chinesa quer 30% de mina no Brasil, afirma jornal Índice
|