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DIA DA CRIANÇA
Na contramão da economia, setor cresce e espera vender 70 milhões de unidades até o próximo dia 12
Protegida, indústria de brinquedo vende
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
As indústrias de brinquedos fizeram uma grande aposta. Num
ano em que a economia cresce
menos de 1%, elas esperam vender
9% a mais, em unidades, do que
em 97, e faturar 3,6% mais.
Se o cálculo da indústria estiver
certo, as crianças vão ganhar 70
milhões de brinquedos no Dia da
Criança, no dia 12. Representa um
crescimento de cerca de 12,5% sobre igual período de 97.
As fábricas lançaram 1.400 brinquedos, o dobro de 97, e investiram R$ 15 milhões em propaganda para atrair a atenção da criançada. Para comemorar a data, foram entregues às lojas 25 milhões
de bonecas, 20% a mais do que em
97.
Todo esse entusiasmo se deve,
segundo a Abrinq (Associação
Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), ao fato de o governo estar limitando a entrada de importados -a alíquota é de 52%- e à
redução de 5% a 10% dos preços
dos brinquedos.
Mas há um porém. Parte da venda da indústria para o comércio
-de R$ 350 milhões para o período- foi feita em consignação.
Significa que, se o varejo não vender o que prevê, pode tentar devolver os brinquedos às fábricas.
Essa hipótese é algo que a indústria não quer nem cogitar. Há anos
os fabricantes de brinquedos tentam acabar com essa forma de negociação. Mas o medo do encalhe
é tão grande que os lojistas não
querem correr riscos sozinhos.
Apesar da crise financeira internacional, da retração da economia
brasileira, das altas taxas de desemprego, da inadimplência e dos
juros altos, a indústria de brinquedos considera que vai dar para sair
ilesa pelo menos até o Natal.
"O perigo vem depois. Parte da
negociação já foi feita e não tem
volta. Agora, estamos ansiosos para ver qual será o comportamento
do consumidor daqui para a frente", afirma Synésio Batista da
Costa, presidente da Abrinq.
"A crise se intensificou, mas
não esperamos impacto direto
já", diz Carlos Tilkian, diretor-presidente da Estrela. Do início do ano até agora, o faturamento da empresa aumentou 30% em
relação a igual período de 97 e a
previsão é que esse crescimento se
mantenha para o Dia da Criança.
A Estrela atribui o resultado ao
aumento no número de lançamentos -de 210 em 97 para 280
neste ano- e ao investimento em
propaganda, de R$ 8 milhões em
98, 25% a mais do que em 97.
A Baby Brink, especializada na
produção de bonecas, vendeu para o Dia da Criança cerca de R$ 9
milhões, quase 50% a mais do que
em igual período de 97. A boneca
Mili, personagem da novela Chiquititas, tem grande participação.
Audir Giovani, diretor, diz que a
empresa comercializou de abril
até agora 170 mil peças da linha
Chiquititas. Só para o Dia da
Criança, a Baby Brink entregou às
lojas 350 mil bonecas, 52% a mais
do que em igual período de 97.
A Grow informa que a venda para o Dia da Criança aumentou
20% em relação a 97. A Guliver
prevê venda 20% superior. Para a
Glasslite, os lojistas chegaram a
adiar os pedidos. "Ainda tem lojista comprando para o Dia da
Criança", diz Minoro Wakabayashi, gerente de marketing.
Ele diz que a maioria dos brinquedos disponíveis nas lojas devem custar entre R$ 15 e R$ 25. No
ano passado, custavam entre R$
20 e R$ 30.
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