São Paulo, segunda, 5 de outubro de 1998

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DIA DA CRIANÇA
Na contramão da economia, setor cresce e espera vender 70 milhões de unidades até o próximo dia 12
Protegida, indústria de brinquedo vende

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

As indústrias de brinquedos fizeram uma grande aposta. Num ano em que a economia cresce menos de 1%, elas esperam vender 9% a mais, em unidades, do que em 97, e faturar 3,6% mais.
Se o cálculo da indústria estiver certo, as crianças vão ganhar 70 milhões de brinquedos no Dia da Criança, no dia 12. Representa um crescimento de cerca de 12,5% sobre igual período de 97.
As fábricas lançaram 1.400 brinquedos, o dobro de 97, e investiram R$ 15 milhões em propaganda para atrair a atenção da criançada. Para comemorar a data, foram entregues às lojas 25 milhões de bonecas, 20% a mais do que em 97.
Todo esse entusiasmo se deve, segundo a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), ao fato de o governo estar limitando a entrada de importados -a alíquota é de 52%- e à redução de 5% a 10% dos preços dos brinquedos.
Mas há um porém. Parte da venda da indústria para o comércio -de R$ 350 milhões para o período- foi feita em consignação. Significa que, se o varejo não vender o que prevê, pode tentar devolver os brinquedos às fábricas.
Essa hipótese é algo que a indústria não quer nem cogitar. Há anos os fabricantes de brinquedos tentam acabar com essa forma de negociação. Mas o medo do encalhe é tão grande que os lojistas não querem correr riscos sozinhos.
Apesar da crise financeira internacional, da retração da economia brasileira, das altas taxas de desemprego, da inadimplência e dos juros altos, a indústria de brinquedos considera que vai dar para sair ilesa pelo menos até o Natal.
"O perigo vem depois. Parte da negociação já foi feita e não tem volta. Agora, estamos ansiosos para ver qual será o comportamento do consumidor daqui para a frente", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq.
"A crise se intensificou, mas não esperamos impacto direto já", diz Carlos Tilkian, diretor-presidente da Estrela. Do início do ano até agora, o faturamento da empresa aumentou 30% em relação a igual período de 97 e a previsão é que esse crescimento se mantenha para o Dia da Criança.
A Estrela atribui o resultado ao aumento no número de lançamentos -de 210 em 97 para 280 neste ano- e ao investimento em propaganda, de R$ 8 milhões em 98, 25% a mais do que em 97.
A Baby Brink, especializada na produção de bonecas, vendeu para o Dia da Criança cerca de R$ 9 milhões, quase 50% a mais do que em igual período de 97. A boneca Mili, personagem da novela Chiquititas, tem grande participação.
Audir Giovani, diretor, diz que a empresa comercializou de abril até agora 170 mil peças da linha Chiquititas. Só para o Dia da Criança, a Baby Brink entregou às lojas 350 mil bonecas, 52% a mais do que em igual período de 97.
A Grow informa que a venda para o Dia da Criança aumentou 20% em relação a 97. A Guliver prevê venda 20% superior. Para a Glasslite, os lojistas chegaram a adiar os pedidos. "Ainda tem lojista comprando para o Dia da Criança", diz Minoro Wakabayashi, gerente de marketing.
Ele diz que a maioria dos brinquedos disponíveis nas lojas devem custar entre R$ 15 e R$ 25. No ano passado, custavam entre R$ 20 e R$ 30.



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