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PESQUISA
Segundo o Datafolha, 62% dos ouvidos nos aeroportos do Rio e de SP temem efeito sobre preço e qualidade
Passageiro rejeita idéia de fusão aérea
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
Para cada grupo de quatro passageiros com opinião formada,
três condenam a idéia de uma
eventual fusão entre companhias
aéreas brasileiras. Ouvidos pelo
Datafolha, dizem temer que, com
uma maior concentração no setor, suba o preço das passagens e
caia a qualidade dos serviços.
A pesquisa, feita nos aeroportos
do Rio e de São Paulo, também revela que 63% dos entrevistados
estariam de acordo com a entrada
de companhias aéreas estrangeiras no mercado doméstico.
De um modo geral, os passageiros não estão descontentes com as
companhias que hoje utilizam em
rotas internas. Elas são ótimas ou
boas em 72% das respostas, contra ruins ou péssimas em somente
3% de outras.
Mas, ao mesmo tempo, 79%
acreditam que as passagens são
caras. Apenas 18% acham que
elas têm um preço "adequado",
enquanto são estatisticamente irrelevantes -próximos a zero-
os que as consideram baratas.
O Datafolha ouviu 528 passageiros, entre sexta e sábado da semana passada, nos aeroportos de
Congonhas, Cumbica, Galeão e
Santos Dumont. A margem de erro da pesquisa é de 6 pontos para
mais ou para menos.
É uma margem incomparavelmente menor que a diferença registrada entre os que se opõe à fusão de companhias (62%) e aqueles, menos numerosos, que se declararam favoráveis a essa fórmula de reestruturação (21%) no setor de transporte aéreo.
Para 46% dos entrevistados a
fusão só traria desvantagens, contra 6% dos que acreditam que a
idéia só teria consequências positivas e vantajosas.
As respostas dos adversários de
uma possível fusão trazem como
pano de fundo a defesa de uma
maior concorrência para assegurar serviços mais baratos e melhores. Citam como desvantagens,
por ordem decrescente, o aumento das passagens (22%), uma falta
de opções tarifárias (21%), a concentração do poder empresarial
(15%) e um número menor de
empresas para viajar.
Só 6% dos passageiros acreditam que uma única empresa deveria operar no Brasil as linhas
domésticas. São 23% os que acreditam que elas deveriam ser duas.
As opções seguintes -três, quatro ou cinco companhias- totalizam 40%, embora registrem, cada
uma, porcentagens individualmente menores.
O contingente de adversários de
uma fusão cresce entre passageiros que viajam de avião com
maior frequência. Eles são 69%
quando fazem vôos domésticos
ao menos uma vez por mês, mas
60% quando o fazem ao menos só
uma vez por ano.
Desregulamentação
Outro dado curioso: passageiros entrevistados no Rio e em São
Paulo apresentam exatamente o
mesmo resultado, com 62% se
opondo à fusão de companhias
aéreas. Essa opinião não sofre oscilações significativas quando se
leva em conta o sexo, a escolaridade ou a renda familiar mensal do
entrevistado pelo Datafolha.
A pesquisa também procurou
medir a reação dos passageiros à
liberação das tarifas aéreas, sem
que elas dependam de autorização oficial do DAC (Departamento de Aviação Civil). São 60% os
que apoiam a idéia, e 33% os que a
condenam. Prevalece a sensação
(82%) de que a concorrência forçaria uma queda das tarifas.
É com base nessa mesma lógica
concorrencial que uma maioria
de passageiros disse concordar
com a autorização para que companhias estrangeiras operem no
mercado aéreo nacional. São 29%
os que se opõem a essa abertura.
Empresas estrangeiras
A correlação entre concorrência
estrangeira e tarifas menores é
apontada como consequência
mais vantajosa por 48% dos entrevistados, seguidos de 14% que
vêem, como maior vantagem, a
melhoria na qualidade dos serviços e de 11% que acreditam que
teriam maiores opções de rotas e
vôos entre aeroportos nacionais.
Entre os que se opõem à abertura do mercado, a consequência
negativa mais apontada seria a
quebra das companhias que hoje
atuam no setor (14%), seguida,
em empate técnico, da menção ao
aumento do desemprego, à desigualdade entre concorrentes nacionais e estrangeiros, aos lucros
que as estrangeiras repatriariam e
à necessidade de valorizar companhias nacionais.
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