São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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Na quarta baixa seguida, dólar é vendido a R$ 3,53

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central não precisou atuar no mercado de câmbio para o dólar mais uma vez encerrar o dia em queda. Com a quarta baixa seguida, o dólar fechou ontem vendido a R$ 3,53.
O recuo de 1,94% registrado ontem fez a moeda norte-americana cair para seu menor valor desde 20 de setembro. Em uma semana, o dólar passou a custar R$ 0,25 a menos. No ano, a valorização acumulada da moeda dos EUA ainda está em 52,55%.
O anúncio de mais um resultado positivo da balança comercial ajudou a manter o dólar em baixa. Com exportações maiores, a perspectiva é que mais dólares entrem no mercado.
O risco-país, que mede o grau de desconfiança do investidor estrangeiro em relação às possibilidades de um governo honrar suas dívidas, fechou em queda de 0,2%, a 1.696 pontos -menor nível em quase dois meses.
Por enquanto o mercado devolve a exagerada alta embutida nos preços dos ativos nos últimos meses, avaliam analistas. Há menos de um mês, o dólar chegou a encostar nos R$ 4. O discurso dos integrantes do governo eleito e a forma como tem sido conduzida a transição têm ajudado a manter a relativa tranquilidade do mercado.
"O mercado deu um crédito de confiança ao novo governo. Mas logo vai começar a cobrar propostas e nomes. Do contrário, a trajetória de baixa do dólar pode ser revertida", afirma Sérgio Machado, diretor de tesouraria do banco Fator.

Repercussão
O dólar chegou a cair 2,5%, vendido a R$ 3,507. Mas o movimento de baixa perdeu um pouco de força após as declarações do senador eleito pelo PT Aloizio Mercadante (SP), um dos porta-vozes econômicos do partido. Para Mercadante, seria melhor realizar o leilão das ações do Banco do Brasil em outra data. A operação está marcada para hoje.
A rolagem da dívida cambial de cerca de US$ 2 bilhões que venceu na semana passada ajudou a diminuir a pressão sobre o dólar.
Pelo menos nos últimos seis meses, o BC encontrou grandes dificuldades para rolar a dívida pública atrelada ao câmbio. Esse era um fator extra de pressão cambial.
"O BC vai ter pouco mais de uma semana de folga até o próximo vencimento [de dívida atrelada ao câmbio]. Se não conseguir rolar com sucesso, como na última semana, o dólar pode voltar a subir. Já vimos isso acontecer", diz o diretor de câmbio da Novação, Mário Battistel.

Juros
Apesar da melhora no mercado de câmbio, os investidores continuam céticos em relação a cortes na taxa básica de juros. A alta da inflação, consequência da escalada da moeda norte-americana, foi apontada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) como o principal motivo para a elevação da Selic (taxa básica) para os atuais 21% ao ano.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, as taxas de juros se mantiveram praticamente inalteradas. No contrato DI -que considera os juros cobrados nos negócios entre bancos- de prazo em dezembro, que reflete as expectativas de curto prazo do mercado, a taxa fechou em 21,61% ao ano.
Já o cupom cambial segue em patamares baixos, se comparado aos níveis alcançados no mês passado. O FRA (Forward Rate Agreement, que melhor mede o cupom cambial) com prazo em janeiro fechou a 35,2% ao ano -a taxa já chegou a superar 50%.
A taxa paga pelo governo na hora de rolar os vencimentos de sua dívida indexada ao câmbio segue como parâmetro o valor do cupom cambial.


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