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Na quarta baixa seguida, dólar é vendido a R$ 3,53
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central não precisou
atuar no mercado de câmbio para
o dólar mais uma vez encerrar o
dia em queda. Com a quarta baixa
seguida, o dólar fechou ontem
vendido a R$ 3,53.
O recuo de 1,94% registrado ontem fez a moeda norte-americana
cair para seu menor valor desde
20 de setembro. Em uma semana,
o dólar passou a custar R$ 0,25 a
menos. No ano, a valorização acumulada da moeda dos EUA ainda
está em 52,55%.
O anúncio de mais um resultado positivo da balança comercial
ajudou a manter o dólar em baixa.
Com exportações maiores, a perspectiva é que mais dólares entrem
no mercado.
O risco-país, que mede o grau
de desconfiança do investidor estrangeiro em relação às possibilidades de um governo honrar suas
dívidas, fechou em queda de
0,2%, a 1.696 pontos -menor nível em quase dois meses.
Por enquanto o mercado devolve a exagerada alta embutida nos
preços dos ativos nos últimos meses, avaliam analistas. Há menos
de um mês, o dólar chegou a encostar nos R$ 4. O discurso dos integrantes do governo eleito e a
forma como tem sido conduzida
a transição têm ajudado a manter
a relativa tranquilidade do mercado.
"O mercado deu um crédito de
confiança ao novo governo. Mas
logo vai começar a cobrar propostas e nomes. Do contrário, a trajetória de baixa do dólar pode ser
revertida", afirma Sérgio Machado, diretor de tesouraria do banco
Fator.
Repercussão
O dólar chegou a cair 2,5%, vendido a R$ 3,507. Mas o movimento de baixa perdeu um pouco de
força após as declarações do senador eleito pelo PT Aloizio Mercadante (SP), um dos porta-vozes
econômicos do partido. Para
Mercadante, seria melhor realizar
o leilão das ações do Banco do
Brasil em outra data. A operação
está marcada para hoje.
A rolagem da dívida cambial de
cerca de US$ 2 bilhões que venceu
na semana passada ajudou a diminuir a pressão sobre o dólar.
Pelo menos nos últimos seis
meses, o BC encontrou grandes
dificuldades para rolar a dívida
pública atrelada ao câmbio. Esse
era um fator extra de pressão
cambial.
"O BC vai ter pouco mais de
uma semana de folga até o próximo vencimento [de dívida atrelada ao câmbio]. Se não conseguir
rolar com sucesso, como na última semana, o dólar pode voltar a
subir. Já vimos isso acontecer",
diz o diretor de câmbio da Novação, Mário Battistel.
Juros
Apesar da melhora no mercado
de câmbio, os investidores continuam céticos em relação a cortes
na taxa básica de juros. A alta da
inflação, consequência da escalada da moeda norte-americana, foi
apontada pelo Copom (Comitê
de Política Monetária) como o
principal motivo para a elevação
da Selic (taxa básica) para os
atuais 21% ao ano.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, as taxas de juros se mantiveram praticamente inalteradas.
No contrato DI -que considera
os juros cobrados nos negócios
entre bancos- de prazo em dezembro, que reflete as expectativas de curto prazo do mercado, a
taxa fechou em 21,61% ao ano.
Já o cupom cambial segue em
patamares baixos, se comparado
aos níveis alcançados no mês passado. O FRA (Forward Rate
Agreement, que melhor mede o
cupom cambial) com prazo em
janeiro fechou a 35,2% ao ano -a
taxa já chegou a superar 50%.
A taxa paga pelo governo na hora de rolar os vencimentos de sua
dívida indexada ao câmbio segue
como parâmetro o valor do cupom cambial.
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