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ENERGIA
Para Cerqueira Leite, sistema ainda é o mais barato e de maior disponibilidade
Físico quer retomada de hidrelétricas
DA REDAÇÃO
Retomar a opção hidrelétrica
como base do sistema de geração
de eletricidade no Brasil, elaborar
normas que induzam à prática de
conservação de energia, fixar um
limite menor de usinas termelétricas que o governo pretende
construir e a volta organizada do
Proálcool.
São essas algumas das recomendações expostas pelo físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp e
membro do Conselho Editorial
da Folha, em debate no auditório
do jornal no lançamento do livro
"Energia para o Brasil - um modelo de sobrevivência", na semana
passada. O livro foi escrito por
Cerqueira Leite, em parceria com
Cylon Gonçalves da Silva, também professor emérito da Unicamp e ex-diretor do Laboratório
Nacional de Luz Sincrotron.
Em sua apresentação, Cerqueira
Leite argumentou que há dois parâmetros financeiros a serem analisados para definir um modelo
energético: o custo da energia e o
investimento inicial. "Isso teve
grande influência nas decisões recentes do governo. Preferiu o gás
natural, cuja energia tem um custo mais elevado, mas os custos de
investimentos iniciais são mais
baixos."
O físico ponderou também que
um terceiro parâmetro na escolha
do modelo energético é a disponibilidade de reservas. "Há muita
gente que faz uma escolha, e isso
foi tradicional no Brasil, sem
olhar quais eram as reservas."
Seria esse, segundo ele, seu principal argumento a favor da recomendação da retomada do programa baseado na energia hidrelétrica. "Não só porque temos disponibilidade grande. Mas também porque ainda é a mais barata
forma de produção de energia."
A disponibilidade foi um dos
entraves evocados pelo físico ao
defender que o governo diminua
o número de usinas térmicas a gás
que pretende construir. "Se não
houver outra saída às térmicas a
gás, que se estabeleça um limite
inferior àquele das famosas 49, 50
usinas, porque não há gás suficiente na Bolívia", afirmou.
O físico defendeu ainda a retomada, "organizada", do Proálcool, investimentos no biodiesel e
em energia eólica e biomassa.
Outro dos debatedores, João
Guilherme Ometo, presidente do
Sindicato dos Fabricantes de Álcool de São Paulo, lembrou que,
segundo os autores do livro, na última década, os países em desenvolvimento respondiam por 25%
do consumo mundial de energia.
Em 20 anos, esse percentual irá a
50%. "Para política energética, há
anos que não fazemos um planejamento", comentou Ometo.
O físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Coordenação dos
Programas de Pós-Graduação em
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirmou
ser corajosa a postura do professor da Unicamp acerca do uso do
gás natural.
"O gás natural virou um tabu,
como foi a energia nuclear na década de 70. Ser contra a energia
nuclear era ser reacionário. O gás
natural foi na década de 90 uma
espécie de remédio de camelô,
que cura dor de dente, faz nascer
cabelo, remove calo. Nós sabemos
que o gás natural é interessante,
mas limitado também."
Energia para o Brasil - um modelo de
sobrevivência
Autores: Rogério Cezar de Cerqueira
Leite e Cylon Gonçalves da Silva
Editora: Expressão e Cultura
Quanto: R$ 20
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