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Leme defende superávit de 5%; para
Scheinkman, reformas bastariam
CHICO SANTOS
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O economista José Alexandre
Scheinkman, da Universidade
Princeton (EUA), considera que a
aprovação de reformas estruturais, como a previdenciária e a tributária, é mais importante para o
novo governo do que o aumento
do superávit primário (receitas
menos despesas, excluído o pagamento de juros).
"Todo novo governo tem uma
fase de lua-de-mel, que tem de
aproveitar para passar no Congresso reformas importantes",
disse o economista, que participou ontem, no Rio, do seminário
"Reavaliação do Risco Brasil",
promovido pela FGV (Fundação
Getúlio Vargas).
Paulo Leme, diretor-gerente da
corretora Goldman Sachs & Co.,
disse que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve aumentar a
meta de superávit primário em
2003 dos atuais 3,75% do PIB,
previstos no acordo com o FMI,
para 5%. Na avaliação de Leme, o
aumento do superávit precisa ser
explicitado logo, na reunião com
a missão do FMI que chega ao
Brasil no próximo dia 11.
Leme disse que todo o superávit
adicional deve ser obtido com
corte de gastos, mas admitiu que a
cobrança de contribuição previdenciária dos inativos do setor
público, pode ser uma das alternativas para alcançar o ajuste. Para Leme, o maior superávit não é
incompatível com o programa de
combate à fome de Lula.
Indagado sobre qual seria o
maior erro que o próximo governo poderia cometer no início da
gestão, Leme disse que "seria tentar compensar um crescimento
menor com a presença do Estado
[na economia]".
Embora não tenha havido debate entre os participantes do seminário, Scheinkman deixou claro,
em sua palestra, que não considera o aumento do superávit prioritário. "Esse novo governo está
comprometido com um superávit
de 3,75%, o que é muito importante. Mas mais importante são as
reformas", disse.
Em sua opinião, mudanças no
sistema de impostos e na Previdência serão capazes de reduzir a
informalidade e aumentar a produtividade, o que levaria a um ciclo de crescimento.
Scheinkman advertiu que o novo governo não pode abandonar
as metas de disciplina fiscal nem
renegociar a dívida dos Estados.
"É o mais perigoso que o governo
poderia fazer no momento. Começou, acabou."
Em oposição à maioria dos analistas, Scheinkman colocou em segundo plano a escolha dos nomes
da equipe econômica: "Mais importante do que a equipe é a definição das políticas econômicas
que vão ser o foco do governo".
O economista de Princeton avaliou que a equipe de transição de
Lula ainda não deu muitos sinais
sobre a política econômica que
adotará. Disse, porém, ter gostado do programa contra a fome.
Scheinkman, que colaborou
com o candidato derrotado Ciro
Gomes (PPS), disse não ter sido
convidado para integrar o governo Lula e considerou a possibilidade "bastante longínqua".
A presença do economista Guido Mantega, assessor de Lula, estava prevista no seminário, mas
ele não compareceu. Não havia
representantes do PT.
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