São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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PAPEL E CELULOSE

Empresa tem R$ 1,17 bi a pagar no trimestre

Klabin negocia com bancos acordo de até R$ 1,2 bi para quitar dívidas

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Klabin informou ontem, em teleconferência com analistas de mercado, que está fechando um acordo com bancos a fim de obter financiamento para quitar suas dívidas de curto prazo. Analistas ouvidos pela Folha estimam que o "empréstimo-ponte" em negociação chegará a R$ 1,2 bilhão.
Ontem a Klabin deixou de pagar US$ 50 milhões em eurobonds a investidores internacionais. Na sexta a empresa não pagou R$ 115 milhões em debêntures, que estão em poder de bancos locais e venceram naquela data.
No dia 28 de dezembro vencem mais US$ 60 milhões em eurobonds e, segundo analistas, a empresa não tem dinheiro em caixa para honrar seus compromissos de curto prazo.
Dados do balanço do terceiro trimestre mostram que a Klabin tem R$ 1,17 bilhão de dívidas vencendo neste trimestre. Desse total, 76,8% são em moeda estrangeira. "Firmamos um acordo com bancos para a reestruturação da dívida e devemos assiná-lo nesta semana", disse Miguel Sampol Pou, diretor-geral da empresa, durante a teleconferência, conforme relato de analistas.
"O financiamento novo que a empresa diz estar fechando deve ser nesse montante [R$ 1,17 bilhão]", diz Catarina Pedrosa, analista do BBV Banco. Segundo a analista, a direção da empresa não forneceu detalhes sobre o acordo que está costurando com um pool de bancos nem qual é o montante do empréstimo.
Procurada pela Folha, a empresa informou, por meio de sua assessoria, que não comentará o acordo com os bancos. Informou, ainda, que "iniciará procedimentos para efetivar o resgate dos eurobonds que vencem hoje [ontem] e os eurobonds que vencem em 28 de dezembro serão pagos no vencimento".

Câmbio
Foi a disparada do câmbio que afetou a Klabin neste ano. Com um endividamento elevado -de R$ 3,2 bilhões no total-, 67% dos débitos são em moeda estrangeira. Essa estrutura da dívida pressionou os custos financeiros da empresa.
As despesas financeiras somaram R$ 561 milhões no terceiro trimestre, 75% desse montante resultado da desvalorização do real. "O maior problema da empresa foi a alta do dólar, pois seu endividamento em moeda estrangeira é muito alto", diz Luiz Paulo Foggetti, analista da Fator Doria Atherino.

Novos vencimentos
No próximo ano vence R$ 1,19 bilhão, do qual 70% são denominados em moeda estrangeira. No acordo em discussão com bancos, de acordo com analistas, a empresa estaria tentando transformar parte da dívida dolarizada em reais. A empresa estuda, ainda, a venda de ativos, que gerariam um reforço de caixa de cerca de US$ 300 milhões.


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