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CITRICULTURA
Lei entra em vigor no Estado a partir de janeiro
Obrigatoriedade de mudas teladas em São Paulo divide especialistas
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de janeiro de 2003, os
citricultores serão obrigados a comercializar apenas mudas produzidas em viveiros fechados.
A medida visa diminuir a incidência de doenças como o CVC
(Clorose Variegada dos Citros).
Também conhecida como amarelinho, a doença proliferou nas lavouras paulistas principalmente
por causa do transporte de mudas
contaminadas oriundas de viveiros a céu aberto.
Segundo Juliano Ayres, pesquisador do Fundecitrus (Fundo de
Defesa da Citricultura), as mudas
produzidas fora de viveiros protegidos são mais suscetíveis à contaminação. Mesmo com o monitoramento frequente e com a aplicação de inseticidas para combater a cigarrinha, vetor do CVC,
nos viveiros a céu aberto, o índice
de contaminação das mudas é superior aos protegidos por telas.
O último levantamento realizado pela instituição revela que a incidência de CVC em plantas novas, com menos de dois anos, caiu
10% nos últimos três anos. Hoje,
2,04% das árvores inspecionadas
têm sintomas.
"A diminuição da doença em
plantas jovens mostra que as novas tecnologias adotadas na produção de mudas estão sendo eficientes no controle da CVC", afirma Ayres.
Nas plantas mais velhas, com
idade entre seis e dez anos, a incidência aumentou 1,86% em relação ao ano passado. Pelo menos
53,61% dessas árvores estão contaminadas pelo amarelinho.
Lei polêmica
A eficácia das mudas teladas
contra o CVC não é consenso entre produtores e especialistas.
Para Antônio Tubelis, professor
aposentado da Unesp-Botucatu, a
medida é ineficaz, pois, uma vez
no campo, mesmo as mudas de
viveiros telados terminam por
contrair o amarelinho.
Em visitas a propriedades no
norte e no nordeste do Estado de
São Paulo, Tubelis constatou a
presença da CVC em pomares
com quatro meses de idade. As
mudas haviam sido produzidas
em viveiros protegidos.
"Estou convencido de que o
amarelinho discrimina a muda
produzida em telado da produzida a céu aberto", afirmou Tubelis.
O pesquisador do Fundecitrus
rebate a afirmação. "A comercialização de mudas teladas oferece
mais proteção ao produtor, sobretudo porque evita que ele já
comece o pomar com uma planta
contaminada", diz Ayres.
Além da insatisfação de alguns
produtores a respeito da eficácia
das mudas teladas, o preço também tem incomodado.
Enquanto as mudas a céu aberto custam em média R$ 3,50, as de
telado ficam em torno de R$ 4.
Para o Fundecitrus, a diferença
de preço não é relevante, pois as
mudas representam 2% do investimento na cultura de laranjas.
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