São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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CITRICULTURA

Lei entra em vigor no Estado a partir de janeiro

Obrigatoriedade de mudas teladas em São Paulo divide especialistas

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de janeiro de 2003, os citricultores serão obrigados a comercializar apenas mudas produzidas em viveiros fechados.
A medida visa diminuir a incidência de doenças como o CVC (Clorose Variegada dos Citros). Também conhecida como amarelinho, a doença proliferou nas lavouras paulistas principalmente por causa do transporte de mudas contaminadas oriundas de viveiros a céu aberto.
Segundo Juliano Ayres, pesquisador do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), as mudas produzidas fora de viveiros protegidos são mais suscetíveis à contaminação. Mesmo com o monitoramento frequente e com a aplicação de inseticidas para combater a cigarrinha, vetor do CVC, nos viveiros a céu aberto, o índice de contaminação das mudas é superior aos protegidos por telas.
O último levantamento realizado pela instituição revela que a incidência de CVC em plantas novas, com menos de dois anos, caiu 10% nos últimos três anos. Hoje, 2,04% das árvores inspecionadas têm sintomas.
"A diminuição da doença em plantas jovens mostra que as novas tecnologias adotadas na produção de mudas estão sendo eficientes no controle da CVC", afirma Ayres.
Nas plantas mais velhas, com idade entre seis e dez anos, a incidência aumentou 1,86% em relação ao ano passado. Pelo menos 53,61% dessas árvores estão contaminadas pelo amarelinho.

Lei polêmica
A eficácia das mudas teladas contra o CVC não é consenso entre produtores e especialistas.
Para Antônio Tubelis, professor aposentado da Unesp-Botucatu, a medida é ineficaz, pois, uma vez no campo, mesmo as mudas de viveiros telados terminam por contrair o amarelinho.
Em visitas a propriedades no norte e no nordeste do Estado de São Paulo, Tubelis constatou a presença da CVC em pomares com quatro meses de idade. As mudas haviam sido produzidas em viveiros protegidos.
"Estou convencido de que o amarelinho discrimina a muda produzida em telado da produzida a céu aberto", afirmou Tubelis.
O pesquisador do Fundecitrus rebate a afirmação. "A comercialização de mudas teladas oferece mais proteção ao produtor, sobretudo porque evita que ele já comece o pomar com uma planta contaminada", diz Ayres.
Além da insatisfação de alguns produtores a respeito da eficácia das mudas teladas, o preço também tem incomodado.
Enquanto as mudas a céu aberto custam em média R$ 3,50, as de telado ficam em torno de R$ 4.
Para o Fundecitrus, a diferença de preço não é relevante, pois as mudas representam 2% do investimento na cultura de laranjas.


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