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ETERNO REGRESSO
Brasil pode optar por sacar recursos para pagar FMI em 2005
Novo acordo inclui US$ 8 bi já liberados e mantém superávit
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O novo acordo entre o Brasil e o
FMI (Fundo Monetário Internacional) vai antecipar o fim do
atual pacote em vigor e transformará os cerca de US$ 8 bilhões
que o Brasil ainda não sacou neste
ano em um novo empréstimo.
A decisão visa limitar a exposição do Fundo com o Brasil e foi
tomada levando em conta que os
US$ 30 bilhões do pacote atual já
representam quase um terço do
capital utilizável do FMI para empréstimos a países.
O atual acordo, previsto para
expirar no final de dezembro, deve terminar no início do próximo
mês. Será substituído, então, por
um novo pacote de 12 meses.
No total, o novo acordo vai superar em alguns bilhões os US$ 10
bilhões considerados pelo Brasil,
mas deverá contar com menos dinheiro novo do que o inicialmente esperado -já que utilizará os
US$ 8 bilhões que o país já teria
direito em dezembro.
A meta de superávit fiscal deve
continuar em 4,25% do PIB, e o
FMI deixará claro no anúncio que
o Brasil não pretende fazer saques, a não ser em emergências.
O objetivo da comunicação é
passar ao mercado a mensagem
de que o FMI e o Brasil consideram sólidos os fundamentos econômicos do país, e o pacote seria
uma espécie de seguro.
No anúncio do acordo, o Brasil
poderá ""vender" algumas ""conquistas" obtidas nas negociações
-como mais liberdade para gastar recursos em áreas sociais-
para tornar o acordo mais palatável perante a opinião pública e os
próprios petistas, historicamente
vinculados ao slogan ""fora FMI".
Porém o acordo terá regras praticamente iguais ao atualmente
em vigor, do tipo ""stand-by", no
jargão do FMI. E a despeito da retórica, o Fundo não adota o rótulo
de ""preventivo" para o tipo de
acordo que será fechado.
Apesar da comunicação formal
sobre a disposição do Brasil de
não usar o dinheiro, o entendimento deixará aberta a possibilidade de o país utilizar os recursos
se achar conveniente.
O Brasil deve considerar essa
opção em um quadro de emergência ou, se tudo correr bem, no
fim de 2004, quando o país poderá determinar se terá condições
de pagar suas dívidas com o próprio Fundo no ano seguinte.
O Brasil deve hoje cerca de US$
32 bilhões ao FMI, sendo que um
terço desse total (US$ 11,5 bilhões) vence em 2005.
Em 2006 e 2007, os compromissos com o Fundo serão de US$ 6,1
bilhões e US$ 1,8 bilhão, respectivamente. O acordo permitirá ao
Brasil não fazer nenhum saque
durante as revisões trimestrais
(que devem ser quatro) e optar, se
quiser, por sacar o dinheiro todo
de uma vez em dezembro.
Se for o caso, isso poderá ser feito para refinanciar toda a dívida
brasileira com o Fundo, alargando os prazos e diminuindo os valores dos desembolsos.
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