São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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PRIVATIZAÇÃO

Francesa EDF e a americana AES não vão depositar hoje as garantias; leilão continua suspenso por liminar

Duas empresas desistem de disputar a Cesp

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Vista aérea da Usina Sérgio Motta, em Porto Primavera, que recebeu licença ambiental do Ibama


ANTONIO CARLOS SEIDL
MAFALDA AVELAR

DA REPORTAGEM LOCAL
As primeiras duas baixas oficiais na disputa pela Cesp Paraná foram anunciadas ontem. Dois dos seis grupos estrangeiros pré-identificados para o leilão, Electricité de France (EDF) e AES, dos EUA, comunicaram sua desistência. As empresas não depositarão hoje, último dia para entrega, as suas garantias financeiras para participar do leilão, marcado para amanhã, na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). As outras quatro pré-identificadas são a portuguesa EDP, as norte-americanas Southern e Duke Energy e a espanhola Endesa.
O leilão, porém, ainda está suspenso. O juiz-presidente do TRF (Tribunal Regional de Federal) de São Paulo, José Kallás, deve anunciar hoje sua decisão sobre o recurso protocolado ontem pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo contra a liminar concedida na última sexta-feira pela 1ª Vara Federal de Bauru, que suspende o leilão.
A ação contrária à venda da empresa foi impetrada pelo Ministério Público Federal, questionando o preço mínimo de venda da geradora, fixado em R$ 1,739 bilhão.
"A EDF não vai concorrer ao leilão da Cesp por motivos técnicos", disse o advogado da companhia no Brasil, Maurício Curvelo de Almeida Prado.
Segundo o advogado, o motivo da desistência se prende ao risco do investimento. As condições da licença ambiental do Ibama, divulgada somente ontem, e a incerteza em relação ao retorno do investimento são muito elevadas.
Para Andrea Rushmann, diretora da AES, a licença do Ibama saiu muito tarde e existe um conjunto de condicionantes que não tornam o investimento rentável. Entre eles, o elevado grau de alavancagem da empresa.

Na véspera


A licença ambiental só foi concedida ontem, véspera da entrega dos documentos para o leilão. "Saiu na véspera e já não é possível estudar o caso", disse o advogado da EDF.
Um dos únicos motivos que poderia reverter esta situação seria o adiantamento do leilão.
O advogado da EDF não nega a importância estratégica desse investimento para a companhia mas diz que o "investimento é arriscado"
Um dos grandes problemas que a empresa vencedora do leilão vai enfrentar será o enchimento do lago do Porto Primavera.
O lago necessita de estar inundado a 257 metros para ser rentável. Além disso, as empresas estão questionando quando é que o lago estará pronto para encher. Se isto só ocorrer em março ( depois da época das chuvas) o investimento poderá não ter o retorno esperado.
Quem também se havia manifestado, na semana passada, com os mesmos problemas foi a EDP. O atraso na obtenção da licença ambiental também estaria por detrás da eventual desistência dos portugueses.


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