São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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DESESTATIZAÇÃO

Seminário do BNDES mostra resultados positivos com a venda de 166 empresas estatais a partir de 1991

Governo faz marketing das privatizações

CHICO SANTOS
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

O governo iniciou ontem uma ofensiva de marketing sobre as privatizações, realizando, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o seminário "Dez anos do Programa Nacional de Desestatização".
Foram divulgados, no seminário, resultados positivos obtidos com as vendas de 166 estatais dos três níveis (federal, estadual e municipal), nos últimos nove anos.
Os ministros Alcides Tápias, do Desenvolvimento, e Pedro Parente, da Casa Civil, afirmaram que tem havido erro na divulgação dos resultados das privatizações. "Acho que, talvez, não tenhamos sabido divulgar de forma eficaz esses benefícios (das privatizações)", disse Tápias.
Segundo a Folha apurou, a decisão de fazer o seminário de ontem começou a ser tomada no começo deste ano, quando Francisco Gros assumiu a presidência do BNDES.
O banco, gestor das privatizações federais e assessor da maioria das estaduais, tinha em mãos, na época, uma pesquisa segundo a qual a população desconhecia o que já havia sido feito e que mais de 50% dos entrevistados eram contra o programa.
A equipe do BNDES começou então a trabalhar em uma pesquisa entre as empresas cujos resultados parciais -foram ouvidas até agora 83, de um universo de 166- foram divulgados ontem. A presença de Tápias, a quem o BNDES está subordinado, mostrou seu apoio à iniciativa do banco, e a de Parente, o apoio do Palácio do Planalto.
Ao discursar na abertura, Parente, no esforço para enfatizar o trabalho da equipe econômica atual, cometeu uma pequena gafe: disse que "90% dos resultados (com as privatizações) foram obtidos a partir de 1994". Logo depois, ressalvou o fato de "três governos consecutivos" terem levado adiante o programa.

Começo do programa
Entre os presentes que ouviam seu discurso, convidados pelo BNDES, estavam quase todos os membros da equipe do banco liderada pelo economista Eduardo Modiano que, no governo Collor (1990/1992), iniciou o programa e executou ou preparou o processo de venda das siderúrgicas e das petroquímicas.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BNDES, Armando Castelar, a pesquisa divulgada ontem, que ele apresentou, começou a ser efetivamente feita há um mês e meio e apresentou dados que, na sua opinião, contrariam a opinião corrente, principalmente em relação ao emprego.
Segundo Castelar, o balanço das empresas já ouvidas mostrou um saldo positivo de 122 mil novos empregos entre as privatizadas. Mas esse número é consequência de 145 mil empregos criados pelo setor de telecomunicações, no qual um grande número de novas empresas surgiu, e de 13 mil criados no setor rodoviário. Descontados esses dois setores, houve redução de 35 mil empregos.
Segundo a pesquisa, a receita líquida operacional das empresas ouvidas cresceu 28% se comparados os números anteriores e posteriores às privatizações. Já os investimentos cresceram 80,1%, tendo 74,2% das empresas informado que aumentaram suas inversões.
Os números mostram também que, na média, as empresas tinham, antes de serem privatizadas, prejuízos de 30,8% em relação ao ano em que foram vendidas e que isso se reverteu para lucros de 59,5% após as vendas.




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