São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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DÓLAR

Lucro foi maior do que o registrado no terceiro trimestre

Banco Central ganha R$ 140 mi com intervenção em novembro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central lucrou em novembro R$ 140 milhões com a intervenção feita no mercado de câmbio há duas semanas. Na ocasião, o BC comprou cerca de US$ 2 bilhões para evitar que a cotação do dólar despencasse.
Considerando apenas essa operação, o BC lucrou, em duas semanas, duas vezes mais do que no terceiro trimestre deste ano. Entre julho e setembro, a instituição registrou lucro de R$ 47,3 milhões.
A intervenção ocorreu no último dia 21, um dia depois que o Santander comprou o Banespa por R$ 7,05 bilhões (cerca de US$ 3,5 bilhões). Para fazer o pagamento, os espanhóis trouxeram dólares para trocar pelos reais que seriam entregues à União.
Logo após o leilão do Banespa, a cotação da moeda norte-americana entrou em queda livre. Em um dia, o dólar caiu cerca de 3%, passando de R$ 1,97 para R$ 1,92.
Quando a moeda era cotada a R$ 1,89, no dia 21, o BC entrou no mercado e comprou cerca de US$ 2 bilhões a uma cotação média de R$ 1,91. Nos últimos dias, a cotação se manteve estável em torno de R$ 1,98, e analistas esperam que ela se mantenha nesse nível até o final do ano.
Se o BC já tivesse vendido esses dólares, teria embolsado um "ágio extra" de R$ 140 milhões na venda do Banespa.
Normalmente, o BC não consegue lucros tão altos com suas intervenções porque os valores envolvidos costumam ser significativamente menores. Nas últimas vezes em que a instituição atuou no mercado de câmbio, se limitou a comprar ou vender cerca de US$ 50 milhões em média.
Ao explicar os motivos que levaram o BC a interferir no mercado há duas semanas, o diretor de Política Monetária da instituição, Luiz Fernando Figueiredo, afirmou que o objetivo era impedir que houvesse muita volatilidade no mercado de câmbio.
Ou seja, o BC não queria permitir que as cotações registrassem oscilações muito altas em um curto espaço de tempo, o que, segundo Figueiredo, poderia atrapalhar os negócios fechados por exportadores e importadores.
O mercado entendeu que a intervenção poderia ser um sinal de que o governo quer evitar que o dólar seja cotado abaixo de R$ 1,90, e essa percepção acabou ajudando a valorizar a moeda.
Figueiredo insistiu em dizer que o BC não trabalha com piso nem com teto para a cotação do dólar, e disse que só haverá intervenções quando houver volatilidade no mercado.




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