São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000

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COMÉRCIO GLOBAL

Moore pede fim de barreiras agrícolas

Chefe da OMC afirma que gostaria de participar de protestos de rua

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Mike Moore, disse ontem que, algumas vezes, sente vontade de participar, pessoalmente, dos protestos de rua que pedem o fim das barreiras para o comércio agrícola nos países desenvolvidos.
Em visita a Brasília, Moore defendeu abertamente a posição dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que pedem a liberalização do comércio agrícola.
Segundo ele, se os países mais ricos do mundo acabassem com os subsídios para a agricultura e eliminassem as barreiras não-tarifárias do setor, os países em desenvolvimento ganhariam três vezes mais com o comércio a ser criado do que recebem hoje em ajudas financeiras internacionais.
Ainda, segundo ele, os gastos dos países desenvolvidos com subsídios agrícolas equivale ao PIB (Produto Interno Bruto, o total de riquezas produzidas) por todo o continente africano.
Moore, no entanto, criticou a tentativa de alguns grupos, como ocorreu na reunião da OMC de Seattle, no ano passado, de tentar evitar as negociações da sua organização.
"Isso não é democrático", disse ele. Acrescentou que "é melhor nos acostumarmos com o protestos, pois eles vão estar presentes". Elogiou também aqueles que tentam, por meio de manifestações, colaborar com o debate em torno do livre comércio.
Foi nesse momento, que Moore declarou: "algumas vezes, eu sinto vontade de protestar".
Esse foi o única hora em que o diretor da OMC, cujo objetivo final é lançar uma nova e ampla rodada de negociações comerciais, tomou um postura claramente favorável a países como o Brasil e a Índia.
Nas demais questões, buscou sempre se mostrar neutro com relação às diferentes opiniões dos membros da OMC.
Com relação ao desejo norte-americano de incluir nas negociações temas ambientais e trabalhistas, Moore reconheceu que o comércio atual não se limita às questões de barreiras tarifárias e não-tarifárias.


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