São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2001

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PRIVATIZAÇÃO

Banco custa R$ 655 mi; disputa com o Bradesco foi acirrada

Itaú paga ágio de 121,14% pelo BEG

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de uma disputa acirrada com o Bradesco, o Itaú comprou ontem o BEG (Banco do Estado de Goiás) por R$ 655 milhões, em leilão na Bolsa do Rio. O ágio atingiu 121,14% sobre o preço mínimo, de R$ 300 milhões.
O valor superou as expectativas tanto do Banco Central -que coordenou a venda- como do governo de Goiás. A previsão era arrecadar, no máximo, R$ 500 milhões, ágio de 60%.
"O banco estava em uma fase de prosperidade. Achávamos que seria bem vendido. Mas [o ágio" superou nossas expectativas", disse o diretor de Finanças Públicas e Regimes Especiais do BC, Carlos Eduardo de Freitas. "Há três anos, quando iniciávamos os estudos para vender o BEG, eu disse ao Freitas que, se conseguíssemos o mesmo valor aportado para socorrer o banco, ficaria muito feliz. Mas ultrapassamos a expectativa inicial", disse o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Quando o BEG foi federalizado, em 1995, a União gastou R$ 417 milhões para sanear o banco.
"O BEG era um banco desacreditado. Conseguimos fazer uma excelente privatização", disse o governador. Segundo Perillo, os recursos serão usados para abater a dívida do Estado com a União, estimada em R$ 9 bilhões.

Viva-voz
O Bradesco apresentou, na primeira etapa do leilão, por meio de envelope fechado, proposta maior do que o Itaú. O lance do Bradesco foi de R$ 520 milhões (ágio de 72,92%), contra R$ 517,665 milhões (72,14%).
Como a diferença entre as ofertas foi inferior a 20%, o leilão prosseguiu em viva-voz, fase na qual o Bradesco fez duas propostas e o Itaú, três, incluindo a vitoriosa. Habilitados para participar do leilão, o ABN-Real e o Unibanco nem chegaram a apresentar proposta. O ABN era tido com um dos favoritos.
O ágio foi o terceiro maior entre os bancos estatais vendidos até agora -atrás dos 303% do Banestado e dos 281,02% do Banespa, ambos de maior porte.
O diretor-executivo do Itaú, Ronald Anton de Jongh, disse que o banco chegou "bem perto do limite" que estava disposto a pagar com o valor do lance vencedor.
O executivo do Itaú afirmou também que não haverá sobreposição de agências. Com isso, descarta o fechamento de unidades e demissões em massa. O BEG tem 1.700 funcionários e 350 mil correntistas, enquanto o Itaú tem 7 milhões de correntistas.
Com a aquisição, o Itaú amplia em quase 14 vezes sua presença em Goiás: passa de 19 agências para 264 postos de atendimentos (112 postos bancários e 252 agências). O potencial de crescimento -tanto populacional quanto econômico- de Goiás, declarou Jongh, foi o que motivou o Itaú a entrar no negócio.


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