|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRIVATIZAÇÃO
Banco custa R$ 655 mi; disputa com o Bradesco foi acirrada
Itaú paga ágio
de 121,14%
pelo BEG
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de uma disputa acirrada
com o Bradesco, o Itaú comprou
ontem o BEG (Banco do Estado
de Goiás) por R$ 655 milhões, em
leilão na Bolsa do Rio. O ágio atingiu 121,14% sobre o preço mínimo, de R$ 300 milhões.
O valor superou as expectativas
tanto do Banco Central -que
coordenou a venda- como do
governo de Goiás. A previsão era
arrecadar, no máximo, R$ 500
milhões, ágio de 60%.
"O banco estava em uma fase de
prosperidade. Achávamos que seria bem vendido. Mas [o ágio" superou nossas expectativas", disse
o diretor de Finanças Públicas e
Regimes Especiais do BC, Carlos
Eduardo de Freitas. "Há três anos,
quando iniciávamos os estudos
para vender o BEG, eu disse ao
Freitas que, se conseguíssemos o
mesmo valor aportado para socorrer o banco, ficaria muito feliz.
Mas ultrapassamos a expectativa
inicial", disse o governador de
Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Quando o BEG foi federalizado,
em 1995, a União gastou R$ 417
milhões para sanear o banco.
"O BEG era um banco desacreditado. Conseguimos fazer uma
excelente privatização", disse o
governador. Segundo Perillo, os
recursos serão usados para abater
a dívida do Estado com a União,
estimada em R$ 9 bilhões.
Viva-voz
O Bradesco apresentou, na primeira etapa do leilão, por meio de
envelope fechado, proposta
maior do que o Itaú. O lance do
Bradesco foi de R$ 520 milhões
(ágio de 72,92%), contra R$
517,665 milhões (72,14%).
Como a diferença entre as ofertas foi inferior a 20%, o leilão
prosseguiu em viva-voz, fase na
qual o Bradesco fez duas propostas e o Itaú, três, incluindo a vitoriosa. Habilitados para participar
do leilão, o ABN-Real e o Unibanco nem chegaram a apresentar
proposta. O ABN era tido com
um dos favoritos.
O ágio foi o terceiro maior entre
os bancos estatais vendidos até
agora -atrás dos 303% do Banestado e dos 281,02% do Banespa, ambos de maior porte.
O diretor-executivo do Itaú, Ronald Anton de Jongh, disse que o
banco chegou "bem perto do limite" que estava disposto a pagar
com o valor do lance vencedor.
O executivo do Itaú afirmou
também que não haverá sobreposição de agências. Com isso, descarta o fechamento de unidades e
demissões em massa. O BEG tem
1.700 funcionários e 350 mil correntistas, enquanto o Itaú tem 7
milhões de correntistas.
Com a aquisição, o Itaú amplia
em quase 14 vezes sua presença
em Goiás: passa de 19 agências
para 264 postos de atendimentos
(112 postos bancários e 252 agências). O potencial de crescimento
-tanto populacional quanto
econômico- de Goiás, declarou
Jongh, foi o que motivou o Itaú a
entrar no negócio.
Texto Anterior: Análise: Funcionários, forçados a investir em ações da empresa, perdem com colapso Próximo Texto: Mercado financeiro: Dólar mantém queda; Bolsa embolsa lucro Índice
|