São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Com os 2,65% do mês passado, taxa acumula 7,93% no ano; se alta for de 1,3% neste mês, 2002 fecha com 9,33%

"Com reza", inflação fica em 9%, diz Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação mantém ritmo acelerado em São Paulo, o que fez a Fipe rever pela sétima vez a previsão da taxa para este ano. Agora, "com reza, a taxa fica em 9%", afirmou ontem Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). A previsão anterior, feita na semana passada, era de 8,5%.
A Fipe teve de rever a previsão anual porque a inflação do mês passado foi de 2,65%, a maior taxa mensal desde julho de 1995, quando atingiu 3,72%. No acumulado de janeiro a novembro deste ano, a inflação é de 7,93%.
A disparada da taxa em São Paulo se deve, basicamente, aos alimentos, que subiram 6,67%, a maior alta mensal desde outubro de 1994. Só os alimentos provocaram inflação de 1,39% no mês passado, ou seja, 52% dos 2,65%.
Se for acrescida aos alimentos a participação da gasolina, do álcool e do gás de botijão, a inflação desses produtos sobe para 1,94%, ou 73% da taxa do mês passado.
A inflação de novembro ficou bem acima das previsões da Fipe porque os efeitos da eleição e do dólar foram mais fortes do que se esperava, na avaliação de Heron. Com isso, a taxa do mês passado ficou fora dos padrões do ano e está centrada em poucos setores.
A alta da inflação nos últimos meses foi provocada pela elevação do dólar, pela redução de oferta dos principais produtos agrícolas e pelo aumento de preços das commodities no mercado externo, segundo a Fipe.
Dois produtos indispensáveis à alimentação diária dos consumidores estiveram entre as principais altas neste ano devido ao aumento do dólar. Um deles foi o pãozinho, que está custando 43,5% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Trigo e óleo
A alta do pão se deve ao aumento de 51,1% da farinha de trigo, reajuste provocado pelo aumento do cereal no mercado internacional. O Brasil é dependente de trigo do exterior e, devido à queda da oferta mundial, os preços subiram muito neste ano. Houve redução de oferta devido à seca nos principais países produtores.
O óleo de soja foi outro produto que ficou mais caro. Nos últimos 12 meses, a Fipe registrou reajuste de 62,2% em São Paulo.
Apesar de o Brasil ser o segundo maior produtor mundial de soja, os preços internos subiram porque acompanharam as cotações externas. O real desvalorizado deu, também, maior competitividade para o produto exportado.
A pressão do dólar ocorreu no momento mais agudo da entressafra para os cereais. A redução de oferta de arroz e as dificuldades de importação do produto, devido ao dólar caro, provocaram reajuste de 31% nos preços do produto nos últimos 12 meses.
Essa forte elevação de preços, concentrada em poucos produtos, provocou a aceleração da inflação. Heron diz que, com base na alta de novembro, estão sendo feitas previsões exageradas para as taxas futuras de inflação, inclusive para o setor de serviços. Ele diz que neste período do ano são normais as altas no setor de serviços, devido à maior demanda.
"Não dá para extrapolar o atual cenário de inflação. É preciso muito cuidado", diz ele.


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