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ANO DO DRAGÃO
Com os 2,65% do mês passado, taxa acumula 7,93% no ano; se alta for de 1,3% neste mês, 2002 fecha com 9,33%
"Com reza", inflação fica em 9%, diz Fipe
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação mantém ritmo acelerado em São Paulo, o que fez a Fipe rever pela sétima vez a previsão
da taxa para este ano. Agora,
"com reza, a taxa fica em 9%",
afirmou ontem Heron do Carmo,
coordenador do Índice de Preços
ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). A previsão anterior, feita
na semana passada, era de 8,5%.
A Fipe teve de rever a previsão
anual porque a inflação do mês
passado foi de 2,65%, a maior taxa
mensal desde julho de 1995, quando atingiu 3,72%. No acumulado
de janeiro a novembro deste ano,
a inflação é de 7,93%.
A disparada da taxa em São
Paulo se deve, basicamente, aos
alimentos, que subiram 6,67%, a
maior alta mensal desde outubro
de 1994. Só os alimentos provocaram inflação de 1,39% no mês
passado, ou seja, 52% dos 2,65%.
Se for acrescida aos alimentos a
participação da gasolina, do álcool e do gás de botijão, a inflação
desses produtos sobe para 1,94%,
ou 73% da taxa do mês passado.
A inflação de novembro ficou
bem acima das previsões da Fipe
porque os efeitos da eleição e do
dólar foram mais fortes do que se
esperava, na avaliação de Heron.
Com isso, a taxa do mês passado
ficou fora dos padrões do ano e
está centrada em poucos setores.
A alta da inflação nos últimos
meses foi provocada pela elevação do dólar, pela redução de
oferta dos principais produtos
agrícolas e pelo aumento de preços das commodities no mercado
externo, segundo a Fipe.
Dois produtos indispensáveis à
alimentação diária dos consumidores estiveram entre as principais altas neste ano devido ao aumento do dólar. Um deles foi o
pãozinho, que está custando
43,5% a mais do que no mesmo
período do ano passado.
Trigo e óleo
A alta do pão se deve ao aumento de 51,1% da farinha de trigo,
reajuste provocado pelo aumento
do cereal no mercado internacional. O Brasil é dependente de trigo
do exterior e, devido à queda da
oferta mundial, os preços subiram muito neste ano. Houve redução de oferta devido à seca nos
principais países produtores.
O óleo de soja foi outro produto
que ficou mais caro. Nos últimos
12 meses, a Fipe registrou reajuste
de 62,2% em São Paulo.
Apesar de o Brasil ser o segundo
maior produtor mundial de soja,
os preços internos subiram porque acompanharam as cotações
externas. O real desvalorizado
deu, também, maior competitividade para o produto exportado.
A pressão do dólar ocorreu no
momento mais agudo da entressafra para os cereais. A redução de
oferta de arroz e as dificuldades
de importação do produto, devido ao dólar caro, provocaram reajuste de 31% nos preços do produto nos últimos 12 meses.
Essa forte elevação de preços,
concentrada em poucos produtos, provocou a aceleração da inflação. Heron diz que, com base
na alta de novembro, estão sendo
feitas previsões exageradas para
as taxas futuras de inflação, inclusive para o setor de serviços. Ele
diz que neste período do ano são
normais as altas no setor de serviços, devido à maior demanda.
"Não dá para extrapolar o atual
cenário de inflação. É preciso
muito cuidado", diz ele.
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