São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Resta pouca correção cambial para ser repassada aos preços

Para Fipe, inflação começa a baixar, após atingir o pico

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Funcionário de supermercado em São Paulo etiqueta produtos no setor de material de limpeza


DA REDAÇÃO

A inflação já atingiu o pico e está no ponto de virada de tendência. Para Heron do Carmo, economista da Fipe, a partir de agora virá um alívio nas taxas que provocará mudanças nas estimativas para o próximo ano.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, deverá registrar taxas semelhantes às da Fipe em 2003. As evidências da redução da taxa nos próximos meses são várias, segundo Heron.
A principal foi a rapidez com que a alta do dólar foi incorporada aos preços, ao contrário do que ocorreu em 1999. Resta pouca correção cambial ainda para ser repassada aos preços, diz ele.
Outro fator de alívio será o fim da entressafra de alimentos. Neste mês, termina a entressafra da carne; em janeiro, a de feijão. Já em fevereiro aumenta a oferta de arroz. Em março, entra no mercado a safra de soja.
Um dos principais freios à taxa de inflação, no entanto, será o próprio mercado. Isso porque "janeiro será o mais longo dos meses" para o bolso do consumidor, diz o economista da Fipe.
No início do próximo ano, os preços já estarão elevados e os consumidores não terão mais como pagar por novas altas. Sem o dinheiro extra do final de ano -o 13º salário e as férias-, os paulistanos vão reduzir as compras, impedindo novos reajustes e até forçando o recuo dos preços.
A taxa de inflação deverá recuar, ainda, porque a oferta de alimentos será maior. "Os alimentos já subiram muito neste final de ano e poderá haver até deflação em março", acredita Heron.
O perigo da inflação em 2003 poderá vir do próprio governo, diz ele. Se a inflação integral for repassada ao salário dos servidores públicos, será um sinal de pouca austeridade. "Quanto mais austero for o governo nos primeiros seis meses, melhor será para a continuidade de seu governo."
O primeiro trimestre do ano também será decisivo na formação da taxa do ano. Se a inflação for acentuada nos primeiros três meses, ao contrário do que se espera, a taxa ficará acima dos 6,5% previstos, diz Heron. (MZ)


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