São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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EM TRANSE

Oferta do Banco Central é de US$ 500 milhões, mas só US$ 276 milhões foram vendidos; moeda sobe 0,81%

BC faz leilões, mas dólar fecha em R$ 3,72

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O rebaixamento da recomendação dos títulos da dívida brasileira, o prazo dado por Itamar Franco para que o governo federal liquide até amanhã as dívidas relativas às obras feitas pelo governo mineiro em rodovias federais e o boato de que o Espírito Santo declarou moratória de sua dívida com a União pressionaram os mercados de câmbio e de títulos externos brasileiros.
Mesmo após dois leilões em que o Banco Central ofertou US$ 500 milhões e só vendeu US$ 276 milhões em linhas externas, a cotação do dólar não cedeu. O dólar fechou cotado a R$ 3,72, com valorização de 0,81%. O C-Bond, principal título da dívida brasileira, caiu 2,18%, mas o risco-país subiu 3,6%, para 1.605 pontos.
Segundo analistas, o BC poderia conter a alta da moeda norte-americana com a venda direta ao mercado, mas teria "adiado" essa medida para depois do anúncio da equipe do próximo governo.
O rebaixamento da recomendação dos títulos da dívida brasileira, feito anteontem pelo banco JP Morgan, continua sendo usado para justificar a queda dos títulos externos brasileiros. Segundo um operador, a cotação da terça-feira não teria refletido totalmente o rebaixamento dos títulos.
A especulação em torno de possíveis nomes para compor o governo de Luiz Inácio Lula da Silva causou a retração do volume no mercado de câmbio, que já tem operado com baixa liquidez. Os investidores preferiram manter suas posições na expectativa de que Lula anunciasse parte da sua equipe ainda ontem.
Além de não divulgar nenhum nome, Lula negou a possibilidade de Armínio Fraga continuar no BC, o que trouxe mais especulação ao mercado.
No caso do Espírito Santo, mesmo após a declaração do governo federal de que o atraso deveu-se a um problema de fluxo de caixa e que a União tem o recebimento garantido, a notícia de que o Estado havia declarado moratória já havia se disseminado.
As declarações de Itamar, de que o governo federal teria até amanhã para saldar a dívida das obras nas rodovias, trouxeram aos investidores a preocupação de que a medida possa levar outros Estados a pleitear o mesmo direito. Se isso acontecesse, a União teria de pagar cerca de R$ 9 bilhões.
Segundo João Medeiros, da Pioneer, a medida contraria as expectativas do mercado relativas às contas públicas, o que ajuda a compor um cenário negativo.


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