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EM TRANSE
Oferta do Banco Central é de US$ 500 milhões, mas só US$ 276 milhões foram vendidos; moeda sobe 0,81%
BC faz leilões, mas dólar fecha em R$ 3,72
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
O rebaixamento da recomendação dos títulos da dívida brasileira, o prazo dado por Itamar Franco para que o governo federal liquide até amanhã as dívidas relativas às obras feitas pelo governo
mineiro em rodovias federais e o
boato de que o Espírito Santo declarou moratória de sua dívida
com a União pressionaram os
mercados de câmbio e de títulos
externos brasileiros.
Mesmo após dois leilões em que
o Banco Central ofertou US$ 500
milhões e só vendeu US$ 276 milhões em linhas externas, a cotação do dólar não cedeu. O dólar
fechou cotado a R$ 3,72, com valorização de 0,81%. O C-Bond,
principal título da dívida brasileira, caiu 2,18%, mas o risco-país
subiu 3,6%, para 1.605 pontos.
Segundo analistas, o BC poderia
conter a alta da moeda norte-americana com a venda direta ao
mercado, mas teria "adiado" essa
medida para depois do anúncio
da equipe do próximo governo.
O rebaixamento da recomendação dos títulos da dívida brasileira, feito anteontem pelo banco JP
Morgan, continua sendo usado
para justificar a queda dos títulos
externos brasileiros. Segundo um
operador, a cotação da terça-feira
não teria refletido totalmente o
rebaixamento dos títulos.
A especulação em torno de possíveis nomes para compor o governo de Luiz Inácio Lula da Silva
causou a retração do volume no
mercado de câmbio, que já tem
operado com baixa liquidez. Os
investidores preferiram manter
suas posições na expectativa de
que Lula anunciasse parte da sua
equipe ainda ontem.
Além de não divulgar nenhum
nome, Lula negou a possibilidade
de Armínio Fraga continuar no
BC, o que trouxe mais especulação ao mercado.
No caso do Espírito Santo, mesmo após a declaração do governo
federal de que o atraso deveu-se a
um problema de fluxo de caixa e
que a União tem o recebimento
garantido, a notícia de que o Estado havia declarado moratória já
havia se disseminado.
As declarações de Itamar, de
que o governo federal teria até
amanhã para saldar a dívida das
obras nas rodovias, trouxeram
aos investidores a preocupação de
que a medida possa levar outros
Estados a pleitear o mesmo direito. Se isso acontecesse, a União teria de pagar cerca de R$ 9 bilhões.
Segundo João Medeiros, da Pioneer, a medida contraria as expectativas do mercado relativas às
contas públicas, o que ajuda a
compor um cenário negativo.
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