São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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BALANÇO

Privatização faz empresa do governo perder espaço

Cai participação de estatais no total dos investimentos feitos no país

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As privatizações de estatais ocorridas no governo Fernando Henrique Cardoso provocaram uma queda na participação dessas empresas nos investimentos totais da economia brasileira. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, os investimentos das empresas do governo caíram de 10,70% do total em 1995 para 5,86% em 2000.
Em relação às empresas do governo federal, os investimentos caíram a menos da metade do que eram no começo do governo FHC. Elas investiam 7,1% do total do país em 1995 e passaram a investir 3,35% em 2000. Já as empresas estaduais e municipais reduziram suas participações no total dos investimentos de 3,6% para 2,51% no período.
Foram privatizadas nos seis anos analisados pelo IBGE 134 empresas (52 financeiras e 82 não-financeiras). Mesmo assim, o universo abrangido pelo estudo somava 320 empresas em 2000, sendo 56 financeiras e 264 não-financeiras.
Entre as não-financeiras estão empresas como a Petrobras e Furnas Centrais Elétricas. Entre as financeiras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES.
Os números do IBGE mostram que as privatizações provocaram uma forte redução dos gastos das estatais com pessoal em relação aos gastos totais da economia do país com essa rubrica. Em 1995 as estatais respondiam por 13,9% dos gastos da economia do país, incluindo a administração pública direta, com pagamento de pessoal. Em 2000, a participação caiu para 6,45%.
Entre as empresas federais, a participação dos gastos com pessoal em relação ao total baixou de 8,60% para 3,53%. Entre as firmas estaduais e municipais a redução foi menor, tendo os gastos com pessoal baixado de 5,3% do total em 1995 para 2,92% em 2000.
Segundo Carlos César Sobral, gerente do IBGE responsável pelo trabalho, isso se explica porque as atividades exercidas pelas estatais estaduais e municipais são mais intensivas em mão-de-obra. Entre elas se incluem, por exemplo, distribuidoras de energia elétrica e empresas de água e esgoto.
Os números do IBGE mostram que as receitas operacionais responderam em 2000 por 91,88% do total das receitas das empresas federais e por 94,58% das estaduais e municipais. Os subsídios concedidos às federais representaram 0,32% das suas receitas em 2000 (0,36% em 1995).
Entre as estaduais e municipais a participação dos subsídios é maior, embora tenha caído em 2000 abaixo de 1% pela primeira vez em seis anos (0,93%). Os subsídios, segundo o IBGE, são concedidos, basicamente, para cobrir déficits operacionais decorrentes de políticas de preços e tarifas.
Outra pesquisa divulgada pelo IBGE, referente às contas do setor público de 1999, mostrou que, por força do aperto fiscal praticado no país a partir de 1999, os investimentos do governo federal foram reduzidos em 24,3% naquele ano.


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