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Meirelles descarta meta para taxa
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse que não
trabalha com uma meta para a taxa de juros. "Todos querem juros
reais mais baixos, mas o BC tem
que tomar decisões responsáveis,
amparadas por análises técnicas.
Dito isso, é preciso repetir: o BC
não tem uma meta para a taxa de
juros", afirmou.
As declarações de Meirelles
aconteceram no jantar de fim de
ano da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), que reuniu 200 representantes do mercado financeiro, em
São Paulo.
Pela manhã, o presidente do BC
havia afirmado que "juros altos
são coisa do passado" e que o país
começa a entrar no que ele define
como a terceira etapa, a do aumento do crescimento potencial
da economia.
"Nós estamos na segunda e já
passando para a terceira", disse,
após encontro no Congresso com
o líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP).
Segundo Meirelles, a primeira
etapa foi a do ajuste e da desinflação da economia, "a saída da crise". A segunda, a da retomada do
crescimento ("já estamos nela").
O presidente do BC disse que
um dos problemas do Brasil nos
últimos anos é o "fenômeno de
arrancadas e freadas" do nível da
atividade econômica.
Segundo ele, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva "está tomando todas as medidas duras logo
no início justamente para assegurar que nos próximos anos haja
crescimento sem interrupções".
No início do ano, o BC elevou o
juro básico da economia de 25%
para 26,5% ao ano. A estimativa
média do mercado para a expansão do PIB em 2003 é de 0,30%.
Parceria
O tema da conversa entre Meirelles e o líder governista, no gabinete do senador, foram medidas
que podem ser trabalhadas conjuntamente entre o BC e o Congresso para garantir que o país
consolide as condições do crescimento sustentável.
O presidente do BC citou três
exemplos de projetos importantes que precisam de aprovação do
Congresso. O primeiro é a nova
Lei de Falências, que, segundo ele,
facilitará a recuperação de empresas e a manutenção de empregos.
O segundo, a aprovação de lei
para o projeto de cédula de crédito bancário -mecanismo usado
para emprestar a pessoas jurídicas e que permite ao credor executar dívidas de forma rápida, pulando, por exemplo, a fase de reconhecimento judicial do débito,
como é exigido na maioria das
modalidades de financiamento.
"Isso permitirá reduzir o
"spread" [diferença entre o custo
de captação de recursos dos bancos e a taxa cobrada dos clientes]
sobre os financiamentos para pessoa jurídicas", disse Mercadante.
O terceiro exemplo seria a criação de uma lei para a nova central
de risco de crédito que o BC deve
lançar. Há muitas pessoas indo à
Justiça questionando a validade
legal da central de risco.
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