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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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Meirelles descarta meta para taxa

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que não trabalha com uma meta para a taxa de juros. "Todos querem juros reais mais baixos, mas o BC tem que tomar decisões responsáveis, amparadas por análises técnicas. Dito isso, é preciso repetir: o BC não tem uma meta para a taxa de juros", afirmou.
As declarações de Meirelles aconteceram no jantar de fim de ano da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), que reuniu 200 representantes do mercado financeiro, em São Paulo.
Pela manhã, o presidente do BC havia afirmado que "juros altos são coisa do passado" e que o país começa a entrar no que ele define como a terceira etapa, a do aumento do crescimento potencial da economia.
"Nós estamos na segunda e já passando para a terceira", disse, após encontro no Congresso com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Segundo Meirelles, a primeira etapa foi a do ajuste e da desinflação da economia, "a saída da crise". A segunda, a da retomada do crescimento ("já estamos nela").
O presidente do BC disse que um dos problemas do Brasil nos últimos anos é o "fenômeno de arrancadas e freadas" do nível da atividade econômica.
Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está tomando todas as medidas duras logo no início justamente para assegurar que nos próximos anos haja crescimento sem interrupções".
No início do ano, o BC elevou o juro básico da economia de 25% para 26,5% ao ano. A estimativa média do mercado para a expansão do PIB em 2003 é de 0,30%.

Parceria
O tema da conversa entre Meirelles e o líder governista, no gabinete do senador, foram medidas que podem ser trabalhadas conjuntamente entre o BC e o Congresso para garantir que o país consolide as condições do crescimento sustentável.
O presidente do BC citou três exemplos de projetos importantes que precisam de aprovação do Congresso. O primeiro é a nova Lei de Falências, que, segundo ele, facilitará a recuperação de empresas e a manutenção de empregos.
O segundo, a aprovação de lei para o projeto de cédula de crédito bancário -mecanismo usado para emprestar a pessoas jurídicas e que permite ao credor executar dívidas de forma rápida, pulando, por exemplo, a fase de reconhecimento judicial do débito, como é exigido na maioria das modalidades de financiamento.
"Isso permitirá reduzir o "spread" [diferença entre o custo de captação de recursos dos bancos e a taxa cobrada dos clientes] sobre os financiamentos para pessoa jurídicas", disse Mercadante.
O terceiro exemplo seria a criação de uma lei para a nova central de risco de crédito que o BC deve lançar. Há muitas pessoas indo à Justiça questionando a validade legal da central de risco.


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