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ÓLEO VOLÁTIL
Importadora de querosene chinesa pede concordata
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A China Aviation Oil (Singapore), que domina o mercado de importação de querosene para aviação na China, pediu concordata,
após revelar prejuízo de US$ 550
milhões com operações no mercado futuro de petróleo. É a maior
perda registrada por uma estatal
chinesa em operações comerciais.
Os US$ 550 milhões são quase
equivalentes ao valor de mercado
da companhia, de US$ 570 milhões, se for considerada a cotação de suas ações na sexta-feira.
Controlada pela China Aviation
Oil Holding, que detém 60% do
capital, a empresa é registrada na
Bolsa de Cingapura, país que centraliza o comércio de petróleo na
Ásia, com negócios anuais em
torno de US$ 100 bilhões. As
ações da China Aviation Oil não
deverão ser negociadas até que a
empresa chegue a um acordo com
os credores.
Desde 26 de outubro, a companhia acumulou prejuízo de US$
390 milhões em operações especulativas no mercado futuro e a
estimativa é que perderá mais
US$ 160 milhões na liquidação de
contratos remanescentes. Em nota divulgada na terça, a China
Aviation Oil afirma que as perdas
foram provocadas pela alta do petróleo em outubro, quando o preço no mercado futuro chegou ao
recorde de US$ 55,17 no dia 22.
No mesmo documento, a empresa ressalta que começou a operar no mercado futuro em 2003.
Além de buscar proteção contra
oscilações de preços (hedge), a
companhia realizava operações
especulativas, diz o comunicado.
No ano passado, o prejuízo da
empresa com esse tipo de negócio
havia sido de US$ 32,7 milhões.
A concordata coloca em xeque a
gestão das megaestatais chinesas,
justamente quando o governo
tenta profissionalizá-las. "Isso levanta sérias preocupações sobre a
governança corporativa de companhias chinesas", declarou à
Bloomberg David Gerald, diretor-executivo da Securities Investors
Association, de Cingapura.
Em outubro, a China Aviation
Oil Holding concedeu empréstimo de US$ 100 milhões à subsidiária, mas o valor foi insuficiente
para cobrir as perdas. A estatal
chinesa e a estatal de investimentos de Cingapura, Temasek, deverão aportar US$ 50 milhões cada
para sanear a concordatária.
A companhia anunciou o afastamento de seu presidente, Chen
Jiulin, e o início de investigação
especial sobre as razões do prejuízo, a ser conduzida pela PricewaterhouseCoopers.
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