São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2004

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ÓLEO VOLÁTIL

Importadora de querosene chinesa pede concordata

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

A China Aviation Oil (Singapore), que domina o mercado de importação de querosene para aviação na China, pediu concordata, após revelar prejuízo de US$ 550 milhões com operações no mercado futuro de petróleo. É a maior perda registrada por uma estatal chinesa em operações comerciais.
Os US$ 550 milhões são quase equivalentes ao valor de mercado da companhia, de US$ 570 milhões, se for considerada a cotação de suas ações na sexta-feira.
Controlada pela China Aviation Oil Holding, que detém 60% do capital, a empresa é registrada na Bolsa de Cingapura, país que centraliza o comércio de petróleo na Ásia, com negócios anuais em torno de US$ 100 bilhões. As ações da China Aviation Oil não deverão ser negociadas até que a empresa chegue a um acordo com os credores.
Desde 26 de outubro, a companhia acumulou prejuízo de US$ 390 milhões em operações especulativas no mercado futuro e a estimativa é que perderá mais US$ 160 milhões na liquidação de contratos remanescentes. Em nota divulgada na terça, a China Aviation Oil afirma que as perdas foram provocadas pela alta do petróleo em outubro, quando o preço no mercado futuro chegou ao recorde de US$ 55,17 no dia 22.
No mesmo documento, a empresa ressalta que começou a operar no mercado futuro em 2003. Além de buscar proteção contra oscilações de preços (hedge), a companhia realizava operações especulativas, diz o comunicado. No ano passado, o prejuízo da empresa com esse tipo de negócio havia sido de US$ 32,7 milhões.
A concordata coloca em xeque a gestão das megaestatais chinesas, justamente quando o governo tenta profissionalizá-las. "Isso levanta sérias preocupações sobre a governança corporativa de companhias chinesas", declarou à Bloomberg David Gerald, diretor-executivo da Securities Investors Association, de Cingapura.
Em outubro, a China Aviation Oil Holding concedeu empréstimo de US$ 100 milhões à subsidiária, mas o valor foi insuficiente para cobrir as perdas. A estatal chinesa e a estatal de investimentos de Cingapura, Temasek, deverão aportar US$ 50 milhões cada para sanear a concordatária.
A companhia anunciou o afastamento de seu presidente, Chen Jiulin, e o início de investigação especial sobre as razões do prejuízo, a ser conduzida pela PricewaterhouseCoopers.

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