São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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MERCADO ABERTO

Governo quer ampliar exportação de TI

O governo brasileiro planeja ampliar o peso da área de TI (tecnologia da informação) nas exportações. Atualmente o setor, eleito como uma das prioridades pelo governo, vende ao exterior cerca de US$ 300 milhões. A meta do Ministério do Desenvolvimento, porém, é chegar a US$ 2 bilhões até 2007. Estima-se que o mercado mundial movimente US$ 600 bilhões.
Para auxiliar os empresários do setor na exportação, o ministério encomendou à consultoria especializada A.T. Kearney um estudo para apontar, por exemplo, o posicionamento que o país deve adotar. A intenção é entrar na lista dos cinco maiores países na oferta de serviços de TI.
Uma das conclusões do estudo, segundo Jairo Klepacz, secretário de Tecnologia Industrial do ministério, é que os empresários brasileiros deveriam investir na oferta de serviços de TI terceirizados. "Uma empresa japonesa poderia criar um call center dela em São Paulo", afirma.
Segundo o secretário, a grande barreira que o país enfrenta é o tamanho do mercado interno. "As empresas ainda não perceberam que, por meio das exportações, podem se valorizar e ainda reduzir seus riscos."
Outra dificuldade encontrada pelo setor, de acordo com o estudo, é o desconhecimento dos principais mercados consumidores, EUA e Europa, em relação ao Brasil. Para contornar esse obstáculo, o ministério planeja para janeiro estruturar um projeto para divulgar as empresas brasileiras nesses mercados.
Klepacz diz aguardar uma reação dos empresários aos estímulos do governo. O setor foi incluído entre os beneficiados pela "MP do Bem" com a desoneração tributária e incentivos para a importação de equipamentos. "Agora aguardamos uma resposta do mercado."
Entre os potenciais fornecedores de serviços ao mercado externo, ele citou o eixo Rio-São Paulo, além do mercado de Recife.

PÉ NO EXTERIOR
A Alterdata, grupo brasileiro de software empresarial, irá abrir no próximo ano sua primeira unidade no exterior, em Portugal. Três cidades -Lisboa, Porto e Figueira da Foz - têm sido avaliadas em pesquisa de mercado para receber a empresa. Também com o propósito de estimular a exportação ao mercado europeu, uma missão acaba de voltar de um dos principais eventos do segmento na Europa, a Simo, em Madri. Constatou que o conhecimento da legislação local e a língua são dois dos principais fatores que precisam ser aprimorados por empresas do país.

SEXTA CRESCENTE
Cinco anos após o fechamento de dois restaurantes em São Paulo, a rede americana T.G.I. Friday's retoma a expansão no Estado. A empresa inaugura neste mês sua sexta loja no Brasil, em Alphaville. Será investido R$ 1,5 milhão. Em 1999, a rede foi obrigada a se reestruturar para enfrentar a desvalorização cambial. Na ocasião, duas lojas de SP tiveram de ser fechadas. "Cometemos erros por termos sido os pioneiros no segmento de "casual dinning". Mas, agora, estamos prontos para enfrentar a concorrência", diz o angolano Antônio Neves, diretor da operação no Brasil. A intenção é voltar a crescer em seus melhores mercados, Rio e SP. Neste ano, ambos registraram uma expansão acima da média do restante da operação no Brasil. A rede planeja duas novas lojas em SP no ano que vem.

SETOR EM TRANSE
Em meio a um processo de aumento da terceirização e da sofisticação dos serviços, o setor de logística no Brasil tem presenciado a expansão da presença de multinacionais. É o caso, por exemplo, da holandesa TNT Logistics, uma das maiores do mundo. A empresa, que chegou ao país em 1997 para cuidar da logística da Fiat, com quem já tinha parceria na Europa, tem ampliado seus ramos de atuação e acaba de ingressar em telecomunicações, após um acordo com a TIM. No período, o faturamento saltou de R$ 30 milhões no primeiro ano para R$ 372 milhões em 2004. "É um mercado com grande potencial. São poucos ainda os setores que terceirizam os serviços", diz o italiano Giuseppe Chiellino, diretor-geral da TNT no país. Outra tendência que tem atraído estrangeiros é a procura por atividades mais sofisticadas: estudo do Coppead (UFRJ) de 2004 com as 500 maiores empresas do país revelou que os serviços que elas mais planejavam terceirizar nos dois anos seguintes eram os de armazenagem (40%) e desenvolvimento de projetos e soluções (31%).

OUTRO DESEMPENHO
O aumento do volume de impostos que incidem sobre produtos tem tido efeito duplo sobre a economia. Ao mesmo tempo em que trava a expansão do setor privado, funciona como fermento do PIB, como ficou demonstrado na divulgação dos números do terceiro trimestre, diz o economista José Roberto Afonso, ligado ao PSDB. Os números do IBGE, no entanto, mostram que o crescimento dos impostos sobre os produtos já tem sido maior que a variação do PIB há, pelo menos, cinco trimestres. Na taxa anualizada, a economia cresceu 3,1% ao fim de setembro, enquanto os impostos sobre os produtos, 5,5%. Sem considerá-los, diz Afonso, o valor adicionado a preços básicos subiu 2,8% nos últimos quatro trimestres, taxa que tem mais a ver com o desempenho do setor produtivo.

NOVA ÁREA
Conhecido pelos produtos de derivados de carne, especialmente a mortadela, o Frigorífico Ceratti decidiu entrar no mercado de alimentos semiprontos. Está lançando pizzas, que, inicialmente, estarão só em empórios, mercearias e supermercados de alimentos finos da Grande São Paulo e Campinas -o foco é o segmento premium. O investimento é de R$ 1 milhão.

NOVO FOCO
A 32ª edição da Gift Fair, de 20 a 23 de março de 2006, em São Paulo, terá o mercado externo como foco principal. Os organizadores do evento decidiram contratar um agente internacional para atrair compradores do exterior, que contarão com uma logística de atendimento. Outra novidade é um trabalho de orientação com os expositores em relação a aspectos relevantes para a exportação. O crescimento da próxima feira, que reúne empresas de artigos para a casa e presentes, deverá ficar entre 10% e 15%, com um volume de vendas superior a US$ 1 bilhão.

LANÇAMENTO
O economista Armando Castelar Pinheiro (Ipea) e o advogado Jairo Saddi (coordenador do Ibmec Direito) lançam hoje, em São Paulo, o livro "Direito, Economia e Mercados" (editora Elsevier), em que apresentam argumentos que reforçam a crescente relação entre os campos. A obra tem prefácios de Arnoldo Wald e Edmar Bacha e apresentação de Claudio Haddad.



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