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AÇÕES
Dividendos pagos de janeiro a outubro de 2005 somam R$ 18,18 bi, valor 21% maior que o resultado do ano passado
Acionistas já ganharam mais que em 2004
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão dos lucros anunciada por empresas de diferentes setores da economia deve ser recebida com entusiasmo pelos acionistas. É que uma parcela importante dos lucros -os dividendos- é repassada, obrigatoriamente, aos acionistas de uma
companhia.
Mesmo antes de 2005 chegar ao
fim, o valor dos dividendos pagos
já deixou para trás a cifra de 2004
todo. Até outubro último, os proventos pagos, principalmente dividendos e juros sobre o capital,
alcançaram R$ 18,18 bilhões, valor
21,1% maior do que o registrado
em todo o ano passado.
Os dados são da CBLC (Câmara
Brasileira de Liqüidação e Custódia) e foram levantados pela Bovespa.
"As empresas de capital aberto
estão gerando mais caixa e diminuindo seus investimentos. Dessa
forma, tem sobrado um montante cada vez maior de dividendos
para ser repassado aos acionistas", afirma André Castro, gestor
de renda variável da Sul América
Investimentos.
Periodicamente, as companhias
de capital aberto têm de distribuir
dividendos a seus acionistas. O direito é extensivo a todas as pessoas que tenham ações de uma
empresa. Segundo a legislação,
pelo menos 25% do lucro líquido
de uma empresa de capital aberto
deve ser distribuído sob a forma
de dividendos.
Mas há empresas que costumam pagar um montante ainda
maior que o obrigatório. O Bradesco, por exemplo, repassou cerca de 43% de seu lucro em forma
de dividendos em 2004. Pelo seu
estatuto, o banco distribui, no mínimo, 30% de seu lucro líquido a
mais de 1 milhão de acionistas.
"Com certeza, muita gente
compra ações do banco pensando
no pagamento dos dividendos.
Além de distribuirmos [percentualmente] mais que o exigido
por lei, adotamos uma política de
pagar dividendos mensalmente",
diz Sérgio de Oliveira, diretor-executivo do Bradesco. "Pretendemos manter a média dos últimos anos, de repassar algo entre
40% e 50% do lucro líquido."
Complemento das ações
Quando um acionista não é localizado, a empresa é obrigada a
manter, por três anos, os recursos
referentes aos dividendos em
uma conta não remunerada. Se
ele não for buscar o dinheiro, os
dividendos são reincorporados
ao patrimônio da empresa.
Isso acontece mais em casos de
grandes empresas que estão no
mercado há muito tempo, como a
Petrobras, e têm um número de
acionistas bastante elevado.
O que mais costuma ocorrer é o
endereço do acionista estar desatualizado (ou a ação ser do tipo
"ao portador") e a companhia
não conseguir entrar em contato
com o acionista.
A Petrobras viu prescreverem
cerca de R$ 38 milhões em dividendos entre 1997 e 2004 (exercícios de 1994 a 2001).
Analistas explicam que também
há casos de pessoas que têm poucas ações e teriam de buscar um
montante muito pequeno -centavos, em alguns casos- em dividendos. Assim, preferem deixar
esse direito de lado.
"O dividendo deve ser encarado
como um complemento do retorno das ações. Além da valorização
do papel na Bolsa de Valores, o dividendo vem ganhando cada vez
mais a atenção do investidor",
afirma Castro.
Investindo
As instituições financeiras,
atentas à elevação do pagamento
de dividendos, têm criado, nos últimos anos, fundos compostos especialmente por ações de empresas com histórico de boas pagadoras de proventos.
Algumas dessas aplicações, conhecidas como "fundos de dividendos", estão com rentabilidades atraentes em 2005.
O BB Top Ações Dividendos está com retorno de 25,40% neste
ano. O UBB Dividendos Ações, do
Unibanco, tem alta de 24,69%
neste ano.
Os fundos DI e de renda fixa
-que acompanham as oscilações
das taxas de juros- têm retorno
médio de 17% em 2005. A poupança está com rentabilidade
anual de 9,18%.
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