São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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AÇÕES

Dividendos pagos de janeiro a outubro de 2005 somam R$ 18,18 bi, valor 21% maior que o resultado do ano passado

Acionistas já ganharam mais que em 2004

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão dos lucros anunciada por empresas de diferentes setores da economia deve ser recebida com entusiasmo pelos acionistas. É que uma parcela importante dos lucros -os dividendos- é repassada, obrigatoriamente, aos acionistas de uma companhia.
Mesmo antes de 2005 chegar ao fim, o valor dos dividendos pagos já deixou para trás a cifra de 2004 todo. Até outubro último, os proventos pagos, principalmente dividendos e juros sobre o capital, alcançaram R$ 18,18 bilhões, valor 21,1% maior do que o registrado em todo o ano passado.
Os dados são da CBLC (Câmara Brasileira de Liqüidação e Custódia) e foram levantados pela Bovespa.
"As empresas de capital aberto estão gerando mais caixa e diminuindo seus investimentos. Dessa forma, tem sobrado um montante cada vez maior de dividendos para ser repassado aos acionistas", afirma André Castro, gestor de renda variável da Sul América Investimentos.
Periodicamente, as companhias de capital aberto têm de distribuir dividendos a seus acionistas. O direito é extensivo a todas as pessoas que tenham ações de uma empresa. Segundo a legislação, pelo menos 25% do lucro líquido de uma empresa de capital aberto deve ser distribuído sob a forma de dividendos.
Mas há empresas que costumam pagar um montante ainda maior que o obrigatório. O Bradesco, por exemplo, repassou cerca de 43% de seu lucro em forma de dividendos em 2004. Pelo seu estatuto, o banco distribui, no mínimo, 30% de seu lucro líquido a mais de 1 milhão de acionistas.
"Com certeza, muita gente compra ações do banco pensando no pagamento dos dividendos. Além de distribuirmos [percentualmente] mais que o exigido por lei, adotamos uma política de pagar dividendos mensalmente", diz Sérgio de Oliveira, diretor-executivo do Bradesco. "Pretendemos manter a média dos últimos anos, de repassar algo entre 40% e 50% do lucro líquido."

Complemento das ações
Quando um acionista não é localizado, a empresa é obrigada a manter, por três anos, os recursos referentes aos dividendos em uma conta não remunerada. Se ele não for buscar o dinheiro, os dividendos são reincorporados ao patrimônio da empresa.
Isso acontece mais em casos de grandes empresas que estão no mercado há muito tempo, como a Petrobras, e têm um número de acionistas bastante elevado.
O que mais costuma ocorrer é o endereço do acionista estar desatualizado (ou a ação ser do tipo "ao portador") e a companhia não conseguir entrar em contato com o acionista.
A Petrobras viu prescreverem cerca de R$ 38 milhões em dividendos entre 1997 e 2004 (exercícios de 1994 a 2001).
Analistas explicam que também há casos de pessoas que têm poucas ações e teriam de buscar um montante muito pequeno -centavos, em alguns casos- em dividendos. Assim, preferem deixar esse direito de lado.
"O dividendo deve ser encarado como um complemento do retorno das ações. Além da valorização do papel na Bolsa de Valores, o dividendo vem ganhando cada vez mais a atenção do investidor", afirma Castro.

Investindo
As instituições financeiras, atentas à elevação do pagamento de dividendos, têm criado, nos últimos anos, fundos compostos especialmente por ações de empresas com histórico de boas pagadoras de proventos.
Algumas dessas aplicações, conhecidas como "fundos de dividendos", estão com rentabilidades atraentes em 2005.
O BB Top Ações Dividendos está com retorno de 25,40% neste ano. O UBB Dividendos Ações, do Unibanco, tem alta de 24,69% neste ano.
Os fundos DI e de renda fixa -que acompanham as oscilações das taxas de juros- têm retorno médio de 17% em 2005. A poupança está com rentabilidade anual de 9,18%.


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