São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Itaú vira maior banco privado em ativos

Após concluir compra das operações do BankBoston no Brasil, instituição atinge R$ 201 bi e supera o rival Bradesco

Família Setubal ainda vê sua instituição passar a Caixa Econômica, se considerados os bancos públicos; em depósitos, Bradesco é líder

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de finalizar a compra das operações do BankBoston no Brasil, o Itaú conseguiu ultrapassar o Bradesco e se consolidou como o maior banco privado do país. Segundo levantamento feito pelo Banco Central a partir dos balanços das instituições de setembro, o Itaú encerrou o terceiro trimestre com ativos totais de R$ 201,3 bilhões, quase R$ 6 bilhões a mais que os de seu rival.
Ainda de acordo com o BC, o banco da família Setubal também superou a Caixa Econômica Federal em volume de ativos e, portanto, assumiu a segunda colocação no ranking geral das maiores instituições financeiras do país, atrás apenas do Banco do Brasil.
Os números consideram apenas as instituições financeiras que fazem parte do conglomerado de cada banco. Subsidiárias dos bancos que não atuam no sistema financeiro -como administradoras de cartões de crédito e seguradoras- não entram no cálculo do BC.
Em relação ao segundo trimestre, os ativos do Itaú aumentaram R$ 35 bilhões. Em geral, os ativos dos bancos crescem de acordo com uma série de fatores, como o aumento na concessão de crédito e nas aplicações em títulos públicos -financiados, na maioria dos casos, pelo crescimento nos depósitos de seus clientes.
Mas, no caso do Itaú, a compra do BankBoston foi fundamental para o salto no ranking: no final do segundo trimestre, os ativos do banco norte-americano no Brasil somavam R$ 22,013 bilhões. Sem essa diferença, o Bradesco teria se mantido como o maior banco privado do país, posição que ocupava no ranking do BC desde 1998.
Na comparação com setembro do ano passado, os dez maiores bancos do país em ativos continuam os mesmos, com mudanças apenas na ordem: além da ascensão do Itaú, o ABN Real subiu um degrau, depois de ultrapassar o Santander Banespa.

Depósitos
Apesar da queda no ranking por ativos, o Bradesco se manteve como líder, entre os bancos privados, na captação de depósitos: o saldo mantido por seus clientes em poupança, conta corrente e aplicações em CDBs era de R$ 78,988 bilhões em setembro. O Itaú vem logo a seguir, com depósitos totais de R$ 56,461 bilhões.
Seguindo esse critério, BB e Caixa Econômica lideram o ranking geral: juntos, os dois bancos federais têm mais de R$ 260 bilhões em depósitos.
Só a Caixa possui, sozinha, um saldo em cadernetas de poupança de R$ 57 bilhões, que supera a soma das aplicações feitas pelos clientes no Bradesco e no Itaú nessa modalidade de investimento.
Mudanças nas posições nesse tipo de ranking, porém, têm pouco impacto nas operações das instituições financeiras. "Isso é uma questão muito mais de marketing", diz Edson Carminatti, analista do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
De acordo com Carminatti, "a preocupação do Itaú ao comprar o BankBoston não era se tornar o maior banco. É claro que isso traz uma certa publicidade, mas o objetivo não era esse, eles queriam ganhar força em segmentos específicos do mercado".
Com a aquisição, diz o analista, o Itaú ganhou força na administração de recursos de terceiros -por meio de fundos de investimento- e no mercado de clientes de renda mais alta. Em compensação, o BankBoston tinha um volume relativamente pequeno de depósitos, o que explica a folga que o Bradesco manteve nesse quesito.


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