São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Em Madri, Meirelles alerta sobre risco de medidas inflacionárias

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

No dia em que o mercado financeiro reduziu pela quarta vez consecutiva a projeção de crescimento do PIB brasileiro, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a defender a política de juros e a insistir no controle da inflação como artífice do crescimento.
"Para que o Brasil possa crescer mais, é importante que a inflação esteja na meta", disse Meirelles em Madri (Espanha), onde participou de um seminário de bancos centrais da Europa e da América Latina.
O presidente do BC afirmou que a discussão sobre políticas de desenvolvimento está sendo travada e que o crescimento é definido por razões "diversas e profundas", mas disse não estar sendo pressionado a reduzir a taxa de juros. "Temos autonomia e a missão de entregar a inflação na meta, essa é a única pressão que enfrentamos."
Meirelles disse que ainda não conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a sua permanência no cargo. "Caso haja um convite, o presidente e eu vamos analisar e tomar uma decisão conjunta."
Com a ala desenvolvimentista do governo sugerindo medidas potencialmente inflacionárias -como um aumento dos gastos públicos- como gatilho para o crescimento, Meirelles alertou para os riscos de um eventual descontrole. "A experiência de diversos países mostra que a única coisa que não se deve tentar é tomar medidas que levem à mais inflação."
O presidente do BC tampouco aceitou responsabilidade sobre a taxa de câmbio valorizada, que prejudicou os resultados das exportações e afetou diretamente o crescimento.
"O câmbio é flutuante e fixado pelo mercado. O Banco Central tem uma política de composição de reservas, não uma meta de câmbio", afirmou.

América Latina
Sobre a reunião dos presidentes de BCs europeus e latino-americanos, ele disse que a conclusão foi a de que "a América Latina está mais resistente a choques externos", mas que ainda há perigo para a região.
"O risco que foi mencionado por diversos países é o de permitirmos a volta da inflação ou de outras políticas que possam trazer instabilidade. Foi enfatizado que os países que crescem mais rapidamente são os que estão à frente das reformas que levem à maior produtividade."
O presidente do BC espanhol, Miguel Fernández Ordóñez, destacou o papel favorável que o crescimento mundial desempenha na América Latina, mas disse que as economias da região ainda estão vulneráveis.
Sobre o impacto das desapropriações de empresas privadas na Bolívia e as eventuais ameaças populistas na região, Fernández enfatizou a necessidade do cumprimento de contratos. "A segurança jurídica é um fator com o qual todos os países que querem ter um fluxo de investimento estrangeiro devem se preocupar."


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