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Em Madri, Meirelles alerta sobre risco de medidas inflacionárias
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
No dia em que o mercado financeiro reduziu pela quarta
vez consecutiva a projeção de
crescimento do PIB brasileiro,
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, voltou a
defender a política de juros e a
insistir no controle da inflação
como artífice do crescimento.
"Para que o Brasil possa crescer mais, é importante que a inflação esteja na meta", disse
Meirelles em Madri (Espanha),
onde participou de um seminário de bancos centrais da Europa e da América Latina.
O presidente do BC afirmou
que a discussão sobre políticas
de desenvolvimento está sendo
travada e que o crescimento é
definido por razões "diversas e
profundas", mas disse não estar
sendo pressionado a reduzir a
taxa de juros. "Temos autonomia e a missão de entregar a inflação na meta, essa é a única
pressão que enfrentamos."
Meirelles disse que ainda não
conversou com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva sobre
a sua permanência no cargo.
"Caso haja um convite, o presidente e eu vamos analisar e tomar uma decisão conjunta."
Com a ala desenvolvimentista do governo sugerindo medidas potencialmente inflacionárias -como um aumento dos
gastos públicos- como gatilho
para o crescimento, Meirelles
alertou para os riscos de um
eventual descontrole. "A experiência de diversos países mostra que a única coisa que não se
deve tentar é tomar medidas
que levem à mais inflação."
O presidente do BC tampouco aceitou responsabilidade sobre a taxa de câmbio valorizada,
que prejudicou os resultados
das exportações e afetou diretamente o crescimento.
"O câmbio é flutuante e fixado pelo mercado. O Banco Central tem uma política de composição de reservas, não uma
meta de câmbio", afirmou.
América Latina
Sobre a reunião dos presidentes de BCs europeus e latino-americanos, ele disse que a
conclusão foi a de que "a América Latina está mais resistente
a choques externos", mas que
ainda há perigo para a região.
"O risco que foi mencionado
por diversos países é o de permitirmos a volta da inflação ou
de outras políticas que possam
trazer instabilidade. Foi enfatizado que os países que crescem
mais rapidamente são os que
estão à frente das reformas que
levem à maior produtividade."
O presidente do BC espanhol, Miguel Fernández Ordóñez, destacou o papel favorável
que o crescimento mundial desempenha na América Latina,
mas disse que as economias da
região ainda estão vulneráveis.
Sobre o impacto das desapropriações de empresas privadas
na Bolívia e as eventuais ameaças populistas na região, Fernández enfatizou a necessidade
do cumprimento de contratos.
"A segurança jurídica é um fator com o qual todos os países
que querem ter um fluxo de investimento estrangeiro devem
se preocupar."
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