|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil é menos competitivo entre grandes emergentes
País aparece atrás de China, Índia e Rússia e ao lado de México em ranking
Indicadores brasileiros tiveram melhora desde 2000, mas ela foi menor que a evolução obtida por seus concorrentes no período
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil é o país menos competitivo entre os grandes emergentes que são seus concorrentes naturais na economia mundial. Ranking de competitividade divulgado ontem coloca o
país atrás de China, Índia e
Rússia, os mais bem colocados,
nessa ordem. A economia brasileira fica em último lugar, posição que divide com o México.
O ranking, elaborado pelo
MBC em conjunto com a Amcham (Câmara Americana de
Comércio para o Brasil), utiliza
24 indicadores para medir a
competitividade do Brasil. A
pesquisa mostra que o país melhorou em relação ao ano de
2000, mas que a evolução foi
mais lenta do que nos outros
países, o que fez com que a economia brasileira perdesse posições em vários indicadores.
Para elaborar o ranking, os
pesquisadores dividiram cada
um dos indicadores em três
grupos: um que caracteriza baixa produtividade, um de produtividade média e outro de produtividade alta. No caso brasileiro, o país consegue atingir o
grupo de alta produtividade em
apenas cinco indicadores. Mais
da metade dos demais, ou dez
indicadores, está no grupo de
baixa produtividade, enquanto
nove estão no de média.
Quando a comparação é entre o Brasil de hoje e o de 2000,
ano do último levantamento do
MBC, o quadro não é tão ruim.
Ele mostra que vários aspectos
que contribuem para elevar a
competitividade do país melhoraram no período. Assim,
entre os 24 indicadores mensurados pela pesquisa, a economia brasileira evoluiu em dez.
A situação muda bastante
quando considera-se o que
ocorreu nos demais países.
Rússia, China e Índia, sugere a
pesquisa, melhoraram tanto ou
mais rapidamente que o Brasil.
O exemplo mais óbvio: o risco-país, que é uma medida indireta
da confiança de investidores na
economia.
O risco, medido pelo JP Morgan, calcula a diferença entre a
taxas de juros dos títulos brasileiros e a dos americanos, considerados investimento seguro
pelo mercado financeiro internacional. Tal diferença, ou
"spread", no jargão do mercado
financeiro, seria o prêmio pago
pelo país pelo risco de investir
em seus papéis. Então, quanto
menor o "spread", maior a confiança dos investidores sobre a
capacidade do país de honrar
seus compromissos.
No caso brasileiro, ele caiu de
749 no final de 2000 para 397
pontos, na época da coleta de
dados da pesquisa. Hoje ele está em torno de 220 pontos. Foi,
portanto, uma melhora considerável, com impactos positivos, já que quedas no custo de
financiamento do setor público
também ajudam a derrubar a
taxa de juros para as empresas
no mercado internacional. Mas
foi uma melhora compartilhada com os demais concorrentes, que viram seu risco cair
ainda mais e, portanto, galgaram posições no ranking em relação ao Brasil nesse quesito.
Quando a comparação tem
por base o desempenho dos demais países, o Brasil só melhorou em dois indicadores: leis
trabalhistas e funcionamento
da Justiça. Nesses quesitos, o
país ocupava o último lugar do
ranking e subiu para o penúltimo. Houve piora relativa em 14
itens e o país não avançou nos
demais 8 quesitos.
Entre os grandes entraves
para que o Brasil atinja níveis
mais altos de competitividade,
avalia o relatório do MBC, está
a questão fiscal. "Os altos gastos públicos exigem uma carga
tributária elevada e esta onera
exageradamente a produção,
desincentivando o investimento, favorecendo a sonegação e a
informalidade, outros sérios
problemas do país que são
agravados pelo inadequado
ambiente de negócios", conclui
o documento.
Texto Anterior: Em Madri, Meirelles alerta sobre risco de medidas inflacionárias Próximo Texto: China gasta US$ 136 bi e supera Japão em inovação Índice
|