São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil é menos competitivo entre grandes emergentes

País aparece atrás de China, Índia e Rússia e ao lado de México em ranking

Indicadores brasileiros tiveram melhora desde 2000, mas ela foi menor que a evolução obtida por seus concorrentes no período

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil é o país menos competitivo entre os grandes emergentes que são seus concorrentes naturais na economia mundial. Ranking de competitividade divulgado ontem coloca o país atrás de China, Índia e Rússia, os mais bem colocados, nessa ordem. A economia brasileira fica em último lugar, posição que divide com o México.
O ranking, elaborado pelo MBC em conjunto com a Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), utiliza 24 indicadores para medir a competitividade do Brasil. A pesquisa mostra que o país melhorou em relação ao ano de 2000, mas que a evolução foi mais lenta do que nos outros países, o que fez com que a economia brasileira perdesse posições em vários indicadores.
Para elaborar o ranking, os pesquisadores dividiram cada um dos indicadores em três grupos: um que caracteriza baixa produtividade, um de produtividade média e outro de produtividade alta. No caso brasileiro, o país consegue atingir o grupo de alta produtividade em apenas cinco indicadores. Mais da metade dos demais, ou dez indicadores, está no grupo de baixa produtividade, enquanto nove estão no de média.
Quando a comparação é entre o Brasil de hoje e o de 2000, ano do último levantamento do MBC, o quadro não é tão ruim. Ele mostra que vários aspectos que contribuem para elevar a competitividade do país melhoraram no período. Assim, entre os 24 indicadores mensurados pela pesquisa, a economia brasileira evoluiu em dez.
A situação muda bastante quando considera-se o que ocorreu nos demais países. Rússia, China e Índia, sugere a pesquisa, melhoraram tanto ou mais rapidamente que o Brasil. O exemplo mais óbvio: o risco-país, que é uma medida indireta da confiança de investidores na economia.
O risco, medido pelo JP Morgan, calcula a diferença entre a taxas de juros dos títulos brasileiros e a dos americanos, considerados investimento seguro pelo mercado financeiro internacional. Tal diferença, ou "spread", no jargão do mercado financeiro, seria o prêmio pago pelo país pelo risco de investir em seus papéis. Então, quanto menor o "spread", maior a confiança dos investidores sobre a capacidade do país de honrar seus compromissos.
No caso brasileiro, ele caiu de 749 no final de 2000 para 397 pontos, na época da coleta de dados da pesquisa. Hoje ele está em torno de 220 pontos. Foi, portanto, uma melhora considerável, com impactos positivos, já que quedas no custo de financiamento do setor público também ajudam a derrubar a taxa de juros para as empresas no mercado internacional. Mas foi uma melhora compartilhada com os demais concorrentes, que viram seu risco cair ainda mais e, portanto, galgaram posições no ranking em relação ao Brasil nesse quesito.
Quando a comparação tem por base o desempenho dos demais países, o Brasil só melhorou em dois indicadores: leis trabalhistas e funcionamento da Justiça. Nesses quesitos, o país ocupava o último lugar do ranking e subiu para o penúltimo. Houve piora relativa em 14 itens e o país não avançou nos demais 8 quesitos.
Entre os grandes entraves para que o Brasil atinja níveis mais altos de competitividade, avalia o relatório do MBC, está a questão fiscal. "Os altos gastos públicos exigem uma carga tributária elevada e esta onera exageradamente a produção, desincentivando o investimento, favorecendo a sonegação e a informalidade, outros sérios problemas do país que são agravados pelo inadequado ambiente de negócios", conclui o documento.


Texto Anterior: Em Madri, Meirelles alerta sobre risco de medidas inflacionárias
Próximo Texto: China gasta US$ 136 bi e supera Japão em inovação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.