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SISTEMA FINANCEIRO
Capital externo deverá ter 35% dos ativos bancários brasileiros até ano o 2000, diz Ernst & Young
Cresce a presença de bancos estrangeiros
da Reportagem Local
A primeira aquisição do ano no
setor bancário brasileiro, após cerca de 30 ocorridas em 97, fez crescer a participação do capital estrangeiro no sistema nacional.
A compra do controle do Bandeirantes pela Caixa Geral de Depósitos, anunciada ontem, dá
aproximadamente mais 1% do
mercado brasileiro aos estrangeiros, segundo dois estudos obtidos
pela Folha.
De acordo com a auditoria e consultoria Ernst & Young, a participação dos estrangeiros no total de
ativos do sistema bancário brasileiro sobe de 14% para 14,9%, enquanto nos depósitos totais a participação aumenta de 11% para
11,9% (dados de balanço atualizados até dezembro de 97).
Levantamento semelhante realizado pela consultoria financeira
Austin Asis aponta que a participação estrangeira nos ativos sobe
de 15,8% para 17,0% (balanços de
junho de 97).
"A aquisição do Bandeirantes
confirma uma tendência. É apenas
um pequeno exemplo da avalanche de outras aquisições semelhantes que estão para ocorrer",
afirma Paulo Feldmann, diretor da
Ernst & Young.
A consultoria estima que até o
ano 2000 os estrangeiros terão cerca de 35% dos ativos bancários
brasileiros.
"A situação dos banqueiros de
menor porte é cada vez mais difícil
devido à necessidade de pesados
investimentos em modernização.
Diante das atraentes propostas
que estão recebendo, eles não vão
pensar duas vezes", diz Feldmann.
Para Erivelto Rodrigues, da Austin, a venda do controle do Bandeirantes foi acertada.
"O banco não tinha bom futuro
a médio prazo, não passaria de 98.
Não tinha um nicho definido e
também não possuía cacife para
investir em tecnologia e produtos", diz o consultor.
Em sua avaliação, a tendência
era de deterioração da qualidade
dos ativos do Bandeirantes, o que
acabaria consumindo o patrimônio dos acionistas.
Banorte
Erivelto Rodrigues acredita que a
aquisição do Banorte, em 1996, ao
contrário de melhorar a situação
do Bandeirantes, tornou-a pior.
"A intenção de uma aquisição é
reduzir custos operacionais, girando ativos de dois bancos em
uma estrutura mais enxuta. Mas
isso não aconteceu no caso do
Bandeirantes", afirma.
Para Erivelto, "diante da falta de
sinergia entre os dois bancos, a explicação para a compra do Banorte
parece estar no acesso à linha do
Proer".
Comunicado divulgado ontem
dizia que "para o banco Bandeirantes a operação significa a garantia da continuidade de seu processo de crescimento, de forma a
fazer frente aos desafios de uma
economia cada vez mais globalizada."
Nada muda
O dia-a-dia dos correntistas do
Bandeirantes não deve ser alterado. Segundo a assessoria de imprensa do banco, a movimentação
de contas continua normal, até
porque o novo controlador só deve tomar posse no final de março.
O nome do banco continuará
sendo Bandeirantes. A manutenção do nome está em uma das
cláusulas do contrato de compra e
venda.
(VANESSA ADACHI)
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