São Paulo, terça, 6 de janeiro de 1998.




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SISTEMA FINANCEIRO
Capital externo deverá ter 35% dos ativos bancários brasileiros até ano o 2000, diz Ernst & Young
Cresce a presença de bancos estrangeiros

da Reportagem Local

A primeira aquisição do ano no setor bancário brasileiro, após cerca de 30 ocorridas em 97, fez crescer a participação do capital estrangeiro no sistema nacional.
A compra do controle do Bandeirantes pela Caixa Geral de Depósitos, anunciada ontem, dá aproximadamente mais 1% do mercado brasileiro aos estrangeiros, segundo dois estudos obtidos pela Folha.
De acordo com a auditoria e consultoria Ernst & Young, a participação dos estrangeiros no total de ativos do sistema bancário brasileiro sobe de 14% para 14,9%, enquanto nos depósitos totais a participação aumenta de 11% para 11,9% (dados de balanço atualizados até dezembro de 97).
Levantamento semelhante realizado pela consultoria financeira Austin Asis aponta que a participação estrangeira nos ativos sobe de 15,8% para 17,0% (balanços de junho de 97).
"A aquisição do Bandeirantes confirma uma tendência. É apenas um pequeno exemplo da avalanche de outras aquisições semelhantes que estão para ocorrer", afirma Paulo Feldmann, diretor da Ernst & Young.
A consultoria estima que até o ano 2000 os estrangeiros terão cerca de 35% dos ativos bancários brasileiros.
"A situação dos banqueiros de menor porte é cada vez mais difícil devido à necessidade de pesados investimentos em modernização. Diante das atraentes propostas que estão recebendo, eles não vão pensar duas vezes", diz Feldmann.
Para Erivelto Rodrigues, da Austin, a venda do controle do Bandeirantes foi acertada.
"O banco não tinha bom futuro a médio prazo, não passaria de 98. Não tinha um nicho definido e também não possuía cacife para investir em tecnologia e produtos", diz o consultor.
Em sua avaliação, a tendência era de deterioração da qualidade dos ativos do Bandeirantes, o que acabaria consumindo o patrimônio dos acionistas.
Banorte
Erivelto Rodrigues acredita que a aquisição do Banorte, em 1996, ao contrário de melhorar a situação do Bandeirantes, tornou-a pior.
"A intenção de uma aquisição é reduzir custos operacionais, girando ativos de dois bancos em uma estrutura mais enxuta. Mas isso não aconteceu no caso do Bandeirantes", afirma.
Para Erivelto, "diante da falta de sinergia entre os dois bancos, a explicação para a compra do Banorte parece estar no acesso à linha do Proer".
Comunicado divulgado ontem dizia que "para o banco Bandeirantes a operação significa a garantia da continuidade de seu processo de crescimento, de forma a fazer frente aos desafios de uma economia cada vez mais globalizada."
Nada muda
O dia-a-dia dos correntistas do Bandeirantes não deve ser alterado. Segundo a assessoria de imprensa do banco, a movimentação de contas continua normal, até porque o novo controlador só deve tomar posse no final de março.
O nome do banco continuará sendo Bandeirantes. A manutenção do nome está em uma das cláusulas do contrato de compra e venda. (VANESSA ADACHI)



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