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EXUBERÂNCIA
Diretor do Fed diz que juros permanecerão baixos nos EUA; declaração eleva procura por ativos de emergentes
Bovespa lidera alta nos mercados globais
DA REDAÇÃO
Todas as Bolsas do planeta e títulos de países emergentes encerraram em alta ontem, no primeiro
dia para valer de 2004. Os efeitos
foram especialmente sentidos no
Brasil. O risco-país caiu ao menor
patamar em seis anos, num reflexo pela procura de investimentos
de risco elevado.
Em termos percentuais, a Bovespa foi a Bolsa que mais subiu
ontem, ao avançar 4,84%. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova
York teve um ganho de 1,29% e
subiu ao maior patamar em 22
meses. A Nasdaq teve alta de
2,03% e atingiu o maior nível em
quase dois anos.
Os investidores reagiram às declarações de Ben Bernanke, um
dos principais diretores do Federal Reserve (banco central americano). Segundo Bernanke, as taxas de juros permanecerão baixas
nos EUA e a queda do dólar não é,
até o momento, preocupante.
Para os analistas, os comentários do diretor do Fed, que é
membro do comitê de política
monetária da instituição, indicam
que a esperada alta nas taxas de
juros talvez ocorra mais tarde do
que se imaginava. As declarações
sinalizam ainda que os EUA não
estão dispostos a intervir no câmbio, apesar dos protestos de japoneses e europeus.
Com os baixos juros nos EUA,
os investidores interessados em
rendimentos maiores terão que
buscar aplicações de maior risco.
Assim, os mercados de países em
desenvolvimento, considerados
de economia "emergente", como
o Brasil, deverão receber ainda
mais capital de curto prazo.
Os juros baixos inibem a entrada de estrangeiros nos EUA, o que
colabora para a queda do dólar.
As baixas taxas também estimulam o investimento em ações,
que, teoricamente, possibilitam
retornos maiores.
"Política confortável"
"Acredito que a política monetária é hoje bastante confortável.
Acredito que ela possa permanecer confortável por algum tempo", disse Bernanke, no domingo
à noite, depois de um seminário
no encontro anual da American
Economic Association, em San
Diego (Califórnia).
Desde junho do ano passado, a
taxa básica dos EUA está em 1%
ao ano, o menor nível desde 1958.
Mas crescia a expectativa sobre
uma possível elevação na taxa,
por causa dos sinais de aceleração
na atividade econômica dos EUA.
Segundo Bernanke, a política
monetária pode permanecer
frouxa porque não há pressões inflacionárias. A queda nos índices
de preços preocupa mais do que
uma elevação.
"A inflação não está simplesmente baixa. Para o meu gosto,
está muito próxima do nível mínimo de sua variação aceitável",
disse. "O núcleo do índice de preços é hoje tão baixo como há 40
anos, com tendência de queda."
Nos 12 meses encerrados em
novembro, o núcleo (em que não
entram as voláteis categorias de
energia e alimentos) do índice de
preços ficou em 1,1% ao ano.
A respeito do dólar, Bernanke
afirmou que é um erro olhar apenas para a queda da moeda diante
do euro. O diretor do Fed notou
que, na comparação com uma
cesta de moedas, o enfraquecimento do dólar, ainda que "significativo", é bem menor.
Questionado sobre as possibilidades de uma crise cambial envolvendo o dólar, afirmou: "Não
acho que seja um risco relevante".
Dólar cai mais
O euro chegou a ser vendido
acima de US$ 1,27 em alguns mercados. No fechamento, a moeda
de 12 países europeus ficou em
US$ 1,2695, o maior valor desde
seu lançamento, há cinco anos.
Outras moedas também seguiram em alta. A libra esterlina passou de US$ 1,80 pela primeira vez
desde setembro de 1992, quando a
moeda inglesa foi derrubada por
um ataque especulativo, movido,
entre outros, pelo megainvestidor
George Soros.
Com agências internacionais
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