São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXUBERÂNCIA

Diretor do Fed diz que juros permanecerão baixos nos EUA; declaração eleva procura por ativos de emergentes

Bovespa lidera alta nos mercados globais

DA REDAÇÃO

Todas as Bolsas do planeta e títulos de países emergentes encerraram em alta ontem, no primeiro dia para valer de 2004. Os efeitos foram especialmente sentidos no Brasil. O risco-país caiu ao menor patamar em seis anos, num reflexo pela procura de investimentos de risco elevado.
Em termos percentuais, a Bovespa foi a Bolsa que mais subiu ontem, ao avançar 4,84%. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York teve um ganho de 1,29% e subiu ao maior patamar em 22 meses. A Nasdaq teve alta de 2,03% e atingiu o maior nível em quase dois anos.
Os investidores reagiram às declarações de Ben Bernanke, um dos principais diretores do Federal Reserve (banco central americano). Segundo Bernanke, as taxas de juros permanecerão baixas nos EUA e a queda do dólar não é, até o momento, preocupante.
Para os analistas, os comentários do diretor do Fed, que é membro do comitê de política monetária da instituição, indicam que a esperada alta nas taxas de juros talvez ocorra mais tarde do que se imaginava. As declarações sinalizam ainda que os EUA não estão dispostos a intervir no câmbio, apesar dos protestos de japoneses e europeus.
Com os baixos juros nos EUA, os investidores interessados em rendimentos maiores terão que buscar aplicações de maior risco. Assim, os mercados de países em desenvolvimento, considerados de economia "emergente", como o Brasil, deverão receber ainda mais capital de curto prazo.
Os juros baixos inibem a entrada de estrangeiros nos EUA, o que colabora para a queda do dólar. As baixas taxas também estimulam o investimento em ações, que, teoricamente, possibilitam retornos maiores.

"Política confortável"
"Acredito que a política monetária é hoje bastante confortável. Acredito que ela possa permanecer confortável por algum tempo", disse Bernanke, no domingo à noite, depois de um seminário no encontro anual da American Economic Association, em San Diego (Califórnia).
Desde junho do ano passado, a taxa básica dos EUA está em 1% ao ano, o menor nível desde 1958. Mas crescia a expectativa sobre uma possível elevação na taxa, por causa dos sinais de aceleração na atividade econômica dos EUA.
Segundo Bernanke, a política monetária pode permanecer frouxa porque não há pressões inflacionárias. A queda nos índices de preços preocupa mais do que uma elevação.
"A inflação não está simplesmente baixa. Para o meu gosto, está muito próxima do nível mínimo de sua variação aceitável", disse. "O núcleo do índice de preços é hoje tão baixo como há 40 anos, com tendência de queda."
Nos 12 meses encerrados em novembro, o núcleo (em que não entram as voláteis categorias de energia e alimentos) do índice de preços ficou em 1,1% ao ano.
A respeito do dólar, Bernanke afirmou que é um erro olhar apenas para a queda da moeda diante do euro. O diretor do Fed notou que, na comparação com uma cesta de moedas, o enfraquecimento do dólar, ainda que "significativo", é bem menor.
Questionado sobre as possibilidades de uma crise cambial envolvendo o dólar, afirmou: "Não acho que seja um risco relevante".

Dólar cai mais
O euro chegou a ser vendido acima de US$ 1,27 em alguns mercados. No fechamento, a moeda de 12 países europeus ficou em US$ 1,2695, o maior valor desde seu lançamento, há cinco anos.
Outras moedas também seguiram em alta. A libra esterlina passou de US$ 1,80 pela primeira vez desde setembro de 1992, quando a moeda inglesa foi derrubada por um ataque especulativo, movido, entre outros, pelo megainvestidor George Soros.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Risco cai ao menor nível desde 97; mercado já cogita nova emissão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.