São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

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Risco cai ao menor nível desde 97; mercado já cogita nova emissão

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro iniciou a semana em um clima de otimismo generalizado. O resultado foram os novos recordes atingidos pela Bovespa e pelos C-Bonds, além das quedas do risco-país e do dólar.
Ao menos por enquanto, a Bolsa de Valores de São Paulo mostrou ainda estar com muito fôlego: somente ontem, a alta foi de 4,84%. Isso levou o Ibovespa (principal índice da Bolsa) aos inéditos 23.531 pontos.
Lá fora, na esteira do bom desempenho dos títulos da dívida brasileira, o risco-país recuou para o menor nível desde outubro de 97, chegando a alcançar os 418 pontos na mínima do dia. Às 19h, o risco-país estava em 425 pontos, baixa de 5,6%.
Os papéis da dívida brasileira mais negociados no mercado, os C-Bonds, subiram 0,5%, para US$ 0,9913. No atual nível, o mercado já especula com a possibilidade de o governo brasileiro exercer a opção de recomprar os títulos quando alcançarem os 100% de seu valor de face.
No mercado, há a expectativa de que o governo aproveite o bom momento para fazer uma nova emissão: risco-país em níveis menores se reflete em custos mais baixos para o setor público e privado captarem no exterior.
Não foi apenas o Brasil que viveu um dia de euforia. As principais Bolsas mundiais fecharam em alta e o risco-país de outros emergentes também caíram. O risco mexicano caiu 5,8%, seguido pelo venezuelano, com baixa de 4%. O risco do Equador teve queda de 2,5%.

Boas perspectivas
"A boa liquidez no mercado internacional deve seguir pelo menos até o fim deste primeiro trimestre e os ativos brasileiros devem continuar sendo beneficiados. Com isso, novos recordes ainda podem ser superados em breve", diz Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
Apesar de o risco-país do Brasil estar em um de seus mais baixos níveis, ainda segue acima dos riscos mexicano, russo e turco, que estavam, às 19h, em 178, 237 e 291 pontos, respectivamente.
Analistas explicam que as duas últimas semanas de dezembro foram de negócios fracos. Agora, os investidores estão realocando recursos, o quê tem beneficiado Bolsas e títulos da dívida de países emergentes, que, apesar de representarem maior risco, oferecem melhores ganhos que os de países desenvolvidos.
Na Bovespa, apenas 2 das 54 ações que compõem o Ibovespa registraram perdas ontem: os papéis ON (com direito a voto) da Light, com baixa de 1,6%, e da Souza Cruz, com recuo de 1,1%.
O destaque do pregão ficou com as ações de empresas de siderurgia e mineração. Os papéis subiram com a informação de que a maior demanda levará a uma alta nos preços das commodities no mercado internacional, beneficiando essas empresas, que são fortes exportadoras.
As ações preferencias da Acesita subiram 13,1%, seguida por Siderúrgica Tubarão PN (10,2%) e Usiminas PNA (9,8%).
Para Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner, a Bolsa vai sustentar por um curto período ainda a trajetória de alta, mas "não dá para fugir de uma realização de lucros em breve".

Câmbio
O dólar caiu para seu menor preço em dois meses. A queda da moeda norte-americana diante do real ontem foi de 0,83%, para os R$ 2,855. Segundo operadores do mercado de câmbio, o Banco do Brasil evitou que o dólar despencasse, comprando a moeda vários vezes durante os negócios de ontem.


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