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TRABALHO
Ministério defende projeto para reduzir a informalidade no setor
Proposta prevê dedução no IR de gasto com doméstica
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda incluir nas deduções do Imposto de Renda das
pessoas físicas gastos com empregados domésticos. A medida vai
ser apresentada formalmente pelo Ministério do Trabalho à área
econômica como uma forma de
tirar da informalidade 4,5 milhões
de pessoas que hoje exercem atividades domésticas.
Segundo o ministro do Trabalho, Jaques Wagner, haveria um
teto para as deduções desses gastos, e o benefício estaria associado
ao recolhimento da contribuição
previdenciária para esses trabalhadores. Atualmente, existem 5
milhões de trabalhadores nessa
categoria, na maioria domésticas,
mas apenas 500 mil têm registro
em carteira.
"A Receita Federal não é muito
simpática às deduções, mas acho
que esse é um motivo nobre", disse o ministro. Ele afirmou que,
embora a medida possa reduzir a
arrecadação da Receita, poderá
aumentar a receita da Previdência
Social. Não há estimativas sobre o
montante envolvido. "No final, é
tudo dinheiro do Tesouro."
Para o ministro, uma empresa
não contabiliza em seus lucros o
custo que tem com salários. Portanto, o gasto de pessoas físicas
com salários de empregados domésticos poderia ser deduzido da
renda. "O abatimento ajudaria a
classe média e ainda contribuiria
para a formalização de uma das
maiores categorias que temos hoje no país", disse.
A idéia já foi apresentada informalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da
Fazenda, Antônio Palocci Filho. A
medida pode vir a ser discutida na
reunião de amanhã entre o presidente e um grupo de ministros, na
Câmara de Política Econômica.
Emprego e renda
Um dos temas da reunião será
medidas para geração de emprego e renda. Nas contas do Ministério do Trabalho, se a economia
crescer 3,5% neste ano, será possível gerar dois milhões de empregos. Desse total, cerca de 800 mil
viriam da construção civil.
O ministro também aponta turismo, saúde, educação, serviço e
agronegócio como setores responsáveis pela criação de novos
postos de trabalho. "Não tem caixinha de surpresa para tirar uma
solução mágica para o emprego",
declarou o ministro.
De acordo com dados do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), foram criados
de janeiro a novembro do no ano
passado 945 mil empregos formais. O ministro acredita que o
número final de 2003 deverá chegar a 1 milhão de novos postos de
trabalho.
Wagner acrescentou que o ministério tem adotado medidas
que podem estimular setores com
grande capacidade de geração de
emprego. No final do ano passado, o Conselho Curador do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) aprovou um orçamento
recorde para investimentos em
saneamento, habitação e transporte neste ano. Serão destinados
R$ 7,45 bilhões para essas áreas.
Wagner adiantou que o ministério ainda estuda criar uma linha
de financiamento com recursos
do FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador) para cooperativas.
Hoje, apenas pequenas empresas
e empreendedores individuais
podem tomar recursos do fundo.
"Seria uma forma de garantir o
microcrédito para uma coletividade", disse o ministro.
Na avaliação dele, apesar de a
geração de emprego ser fundamental, é preciso prestar atenção
para o problema da redução da
massa salarial. Em 2003, a renda
do trabalhador caiu em média
12%. "Governo e empresários
precisam fazer uma aposta juntos. O empresário não pode olhar
só para a competitividade via
queda nos salários", disse.
O ministro fez um pedido para
que os empresários evitem a precarização do trabalho por meio da
terceirização ou da contratação
de funcionários como pessoa jurídica (autônomo).
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