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TELECOMUNICAÇÕES
Presidente da agência reguladora, que tem mandato até 2005, ouve pedido no Planalto para deixar o cargo
Lula negocia saída de Schymura da Anatel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda do presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Luiz Guilherme
Schymura, voltou a agitar ontem
o Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Comunicações, Miro
Teixeira, tiveram reunião com
Luiz Guilherme Schymura para
tratar do assunto, ou seja, se ele
sairia ou ficaria no cargo.
Na verdade, Lula começou a negociar com Schymura para que
ele deixe a presidência da agência
de forma pacífica, segundo apurou a Folha. Desde 2003, Miro
vem trabalhando junto a Lula pela
saída de Schymura da Anatel.
O presidente da agência tem dito, em entrevistas, que continua
no cargo até o fim de seu mandato, em novembro de 2005.
Para Miro, porém, Schymura só
teria estabilidade como conselheiro da Anatel. Assim, ele poderia ser substituído da presidência
da agência reguladora.
Os rumores sobre a saída de
Schymura, que foi nomeado para
a presidência da Anatel no governo Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002), ganharam mais força no final do ano passado, com a
indicação, já aprovada pelo Senado, de Pedro Jaime Ziller para diretor da agência.
Ziller fez parte do governo de
transição e, desde março de 2003,
ocupa o cargo de secretário de telecomunicação. Sua nomeação
para a Anatel ainda não foi feita
por Lula. Miro defende sua indicação como presidente da Anatel.
O porta-voz da Presidência da
República, André Singer, negou,
porém, que Lula tivesse tratado
da possível substituição de
Schymura durante reunião pela
manhã no Planalto.
Segundo ele, a reunião foi para
tratar de assuntos relativos a telecomunicações. Também não foi
discutida a nomeação de Pedro
Jaime como conselheiro da agência, de acordo com Singer. "O presidente da Anatel trouxe um balanço das atividades da agência
em 2003", afirmou o porta-voz.
Na prática, Lula quer tirar
Schymura do comando da Anatel
sem transmitir aos investidores
externos e brasileiros a impressão
de que está intervindo no poder
das agências. Ontem, na reunião
com Lula e Miro, Schymura ouviu
o pedido para deixar a presidência num processo negociado.
Uma saída é ele continuar como
diretor da agência, evitando um
pedido de demissão que poderia,
na visão de Lula, afetar negativamente os indicadores econômicos
do mercado financeiro.
Desde o início do governo,
Schymura entrou em rota de colisão com Miro. Em junho, o ministro e Schymura travaram disputa
nos bastidores sobre reajuste de
empresas de telefonia. Na época,
Schymura levou a melhor, com a
ajuda do ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho.
A partir desse episódio, Miro
trabalha pela derrubada de
Schymura. O governo quer evitar
que ele peça demissão e entregue
o cargo, o que poderia gerar consequências negativas para o governo, na avaliação de Lula.
Segundo a Folha apurou, Palocci teria ontem mais uma vez intercedido por Schymura. Um dos
grandes temores da equipe econômica é que o governo passe a
impressão de não respeitar contratos nem o papel de independência das agências reguladoras.
Se Schymura desta vez não deixar o cargo, poderá sair fortalecido do confronto. Até porque Miro Teixeira, eleito deputado federal pelo PDT, hoje na oposição ao
governo Lula, deverá ser cortado
da pasta na reforma ministerial
para acomodar o PMDB no governo.
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