São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DESVIOS DO CAPITAL

Sem receber da multinacional italiana, cooperados vão propor ao governo auxílio do banco estatal

Fornecedor da Parmalat pede ajuda ao BNDES

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

As cooperativas de produtores de leite do Rio de Janeiro, que não estão recebendo pelo fornecimento à Parmalat, apresentarão hoje propostas para solucionar o problema numa reunião convocada pelo Ministério da Agricultura, em Brasília. Todas envolvem apoio financeiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
As alternativas são o arrendamento ou a compra de uma secadora de leite (equipamento que transforma o leite in natura em leite em pó) da fábrica da Parmalat em Itaperuna (RJ), a compra de toda a fábrica ou a construção de uma fábrica própria.
"Somos candidatos à compra ou arrendamento", disse o presidente da Faerj (Federação de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro), Rodolfo Tavares.
O superintendente da área de inclusão social do BNDES, Mauro Guedes, afirmou que nenhuma dessas propostas chegou ao conhecimento do banco. Entretanto, diz que a instituição avalia qualquer pedido de empréstimo desde seja apresentado um projeto estruturado.
Sua avaliação é que a Parmalat vai continuar a operar no Brasil, mesmo com a crise recente. A Parmalat recebeu do BNDES um empréstimo de R$ 29,5 milhões em 2003. Segundo Guedes, a dívida não preocupa porque está garantida por bancos privados. Neste mês, a empresa deve pagar a primeira parcela do empréstimo.
O governo diz que a reunião de hoje, com com representantes da Câmara Setorial de Leite e Derivados, servirá para fazer um diagnóstico do impacto da crise da Parmalat no mercado de leite e nas cooperativas do setor.
O Ministério da Agricultura, segundo o coordenador-geral da Secretaria de Produção e Comercialização (SPC), Sílvio Farnese, ainda precisa colher informações precisas antes de tomar decisões para solucionar o problema.
Ontem, a Parmalat atrasou mais uma vez o pagamento a 11 cooperativas de produtores de leite no Rio. A multinacional deveria ter pago cerca de R$ 2,5 milhões, mas informou que fará o pagamento somente no dia 17 deste mês.
A empresa ainda deve R$ 1,61 milhão às cooperativas de Itaperuna. A dívida é relativa ao leite fornecido na segunda quinzena de novembro. No último dia 30, os produtores receberam com atraso apenas o correspondente a 30% do que havia sido fornecido.
"Eles nos avisaram que fariam apenas um pagamento mensal", disse Tavares. Até então, a empresa fazia pagamentos quinzenais.
O governo do Estado do Rio decidiu apoiar as cooperativas em sua demanda. O secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, disse que um decreto da governadora Rosinha Matheus (PMDB) vai determinar que o leite da merenda da rede estadual de ensino seja comprado dos produtores do Estado, dando preferência aos localizados em Itaperuna -cidade natal da governadora.
O decreto garante a compra de cerca de 150 mil litros de leite diários. De acordo com Áureo, o governo do Estado também pode financiar a compra de uma fábrica ou de uma secadora de leite.
Amanhã, representantes das 11 cooperativas se reúnem com o presidente da Parmalat no Brasil, Ricardo Gonçalves, para tentar um acordo. Do total de 1,2 bilhão de litros comprados pela Parmalat em 2003, só 96 milhões foram vendidos por Itaperuna.


Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Conjuntura: PIB subiu 0,1% no ano passado, dizem analistas
Próximo Texto: No Brasil, preço do leite cai e CVM revê balanço
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.