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DESVIOS DO CAPITAL
Sem receber da multinacional italiana, cooperados vão propor ao governo auxílio do banco estatal
Fornecedor da Parmalat pede ajuda ao BNDES
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
As cooperativas de produtores
de leite do Rio de Janeiro, que não
estão recebendo pelo fornecimento à Parmalat, apresentarão
hoje propostas para solucionar o
problema numa reunião convocada pelo Ministério da Agricultura, em Brasília. Todas envolvem
apoio financeiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
As alternativas são o arrendamento ou a compra de uma secadora de leite (equipamento que
transforma o leite in natura em
leite em pó) da fábrica da Parmalat em Itaperuna (RJ), a compra
de toda a fábrica ou a construção
de uma fábrica própria.
"Somos candidatos à compra
ou arrendamento", disse o presidente da Faerj (Federação de
Agricultura do Estado do Rio de
Janeiro), Rodolfo Tavares.
O superintendente da área de
inclusão social do BNDES, Mauro
Guedes, afirmou que nenhuma
dessas propostas chegou ao conhecimento do banco. Entretanto, diz que a instituição avalia
qualquer pedido de empréstimo
desde seja apresentado um projeto estruturado.
Sua avaliação é que a Parmalat
vai continuar a operar no Brasil,
mesmo com a crise recente. A
Parmalat recebeu do BNDES um
empréstimo de R$ 29,5 milhões
em 2003. Segundo Guedes, a dívida não preocupa porque está garantida por bancos privados. Neste mês, a empresa deve pagar a
primeira parcela do empréstimo.
O governo diz que a reunião de
hoje, com com representantes da
Câmara Setorial de Leite e Derivados, servirá para fazer um diagnóstico do impacto da crise da
Parmalat no mercado de leite e
nas cooperativas do setor.
O Ministério da Agricultura, segundo o coordenador-geral da
Secretaria de Produção e Comercialização (SPC), Sílvio Farnese,
ainda precisa colher informações
precisas antes de tomar decisões
para solucionar o problema.
Ontem, a Parmalat atrasou mais
uma vez o pagamento a 11 cooperativas de produtores de leite no
Rio. A multinacional deveria ter
pago cerca de R$ 2,5 milhões, mas
informou que fará o pagamento
somente no dia 17 deste mês.
A empresa ainda deve R$ 1,61
milhão às cooperativas de Itaperuna. A dívida é relativa ao leite
fornecido na segunda quinzena
de novembro. No último dia 30,
os produtores receberam com
atraso apenas o correspondente a
30% do que havia sido fornecido.
"Eles nos avisaram que fariam
apenas um pagamento mensal",
disse Tavares. Até então, a empresa fazia pagamentos quinzenais.
O governo do Estado do Rio decidiu apoiar as cooperativas em
sua demanda. O secretário estadual de Agricultura, Christino
Áureo, disse que um decreto da
governadora Rosinha Matheus
(PMDB) vai determinar que o leite da merenda da rede estadual de
ensino seja comprado dos produtores do Estado, dando preferência aos localizados em Itaperuna
-cidade natal da governadora.
O decreto garante a compra de
cerca de 150 mil litros de leite diários. De acordo com Áureo, o governo do Estado também pode financiar a compra de uma fábrica
ou de uma secadora de leite.
Amanhã, representantes das 11
cooperativas se reúnem com o
presidente da Parmalat no Brasil,
Ricardo Gonçalves, para tentar
um acordo. Do total de 1,2 bilhão
de litros comprados pela Parmalat em 2003, só 96 milhões foram
vendidos por Itaperuna.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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