São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Mercado de títulos do endividamento externo de emergentes teve alta de 27,6% puxado por Brasil

Dívida brasileira rendeu 69% em 2003

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de títulos das dívidas externas de países emergentes se valorizou 27,6% em 2003. Essa foi a alta registrada pelo chamado "global emerging markets index", calculado pela Merrill Lynch, puxada principalmente pelos títulos do Brasil que fazem parte do índice e subiram 69%.
Outro indicador do apetite de investidores de todo o mundo por esses países é o fluxo de recursos para os fundos dedicados às suas dívidas. Segundo dados da consultoria norte-americana AMG Data, a captação líquida (entradas menos saídas de dinheiro) dessas aplicações somou US$ 1,185 bilhão em 2003, o equivalente a 35,3% do seu patrimônio total.
Esse fluxo superou em mais de duas vezes os US$ 545,6 milhões registrados em 2002. A principal explicação para o aumento foi o excesso de dinheiro em circulação nos mercados financeiros em 2003. As baixas taxas de juros fizeram com que os investimentos em países desenvolvidos perdessem atratividade.
Além disso, segundo Fábio Akira, economista do JP Morgan, investidores institucionais, como fundos de pensão, que não aplicavam em mercados emergentes, mudaram de estratégia em 2003, em busca de diversificação.
Iniciado o ano, a pergunta que está na cabeça de operadores do mercado é qual é o fôlego que resta a esse movimento. Para Akira, é provável que ainda haja um trimestre de ganhos razoáveis.
Daí em diante, o espaço para altos retornos vindos da dívida dos países emergentes é, segundo ele, consideravelmente pequeno. O banco estima, por exemplo, que o Embi Global -índice que acompanha o risco-país de todos os emergentes- tenha espaço para se valorizar apenas 1% em 2004.
"A tendência é que outros investimentos, como os fundos "high yields" [aplicações que assumem mais riscos] e o mercado de ações, ofereçam retornos mais altos neste ano", diz Akira.
Ainda assim, o JP Morgan continua recomendando que os investidores apliquem mais nos títulos de dívida do Brasil do que na média dos emergentes, embora tenha reduzido um pouco o peso do país em sua carteira.
"Tudo indica que a liquidez continuará alta neste primeiro trimestre, enquanto os juros nos Estados Unidos devem continuar baixos", diz Clive Botelho, diretor de tesouraria do Banco Santos.
(ÉRICA FRAGA)


Texto Anterior: Aposentadoria: INSS vai à Justiça para acabar com correção coletiva
Próximo Texto: O vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.