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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
UE tem o desafio de se tornar confiável e forte
do "Financial Times"
O debate sobre a adoção da
moeda única européia pelo Reino
Unido desvia a atenção de um tema mais importante: fazer o mercado unificado funcionar.
Wim Duisenberg, presidente do
Banco Central Europeu (BCE),
estava muito certo ao dizer que levaria alguns anos -se é que isso
aconteceria- para que os 11 países que adotaram o euro atendessem os requerimentos determinados em Maastricht e as condições de convergência impostas
pelo governo britânico.
O chanceler alemão, Gerhard
Schroeder, já tem preocupações
demais para querer liderar uma
cruzada pela adesão britânica, e,
de qualquer maneira, ele será cuidadoso antes de partir para mais
um evento da "terceira via" em
companhia de Tony Blair.
A União Européia deveria dedicar suas energias a promover outra rodada de negociações do comércio internacional e a resolver
as muitas fricções que ainda impedem que o mercado unificado
da região opere como deveria.
Não há necessidade de que o
primeiro-ministro britânico jure
sobre a Bíblia que ele não pressionará por adesão ao euro nos próximos cinco anos. Tudo o que ele
precisa fazer é oferecer essa garantia com base nas evidências e
circunstâncias previsíveis.
Com base nos indicadores
atuais, a convergência do Reino
Unido parece distante.
Libra valorizada
A libra está entre 20% e 35% acima da taxa de câmbio realista, de
acordo com a maioria dos modelos econômicos. Além disso, mesmo que uma virada no comércio
internacional em favor da alta tecnologia e dos serviços tenha tornado essas estimativas datadas, é
inconcebível que qualquer governo britânico conduza a libra ao
sistema unificado de moeda. As
cotações fazem a libra valer 3,20
marcos alemães.
A cotação cambial da moeda
britânica teria de cair no mínimo
a 2,90 marcos por libra, e, ainda
assim, muitos industriais e economistas ficariam irritados, se a
moeda unificada fosse adotada
pelo Reino Unido.
O vigor tanto do dólar quanto
da libra só é explicável com base
na suposição de que as relações
atuais entre taxas de juros vão
continuar se mantendo.
As taxas de juros norte-americanas estão com tendência de alta.
É provável que as britânicas subam na semana que vem. Os juros
do BCE já subiram 0,25 ponto
percentual na quinta-feira.
Ainda assim, as pressões por juros mais altos estão longe de ser
uniformes.
No momento, são muito mais
fortes nos dois países de língua inglesa do que na zona do euro, onde continua a haver uma certa folga econômica -com índice de
desemprego perto dos 10% e a inflação básica extremamente baixa.
Os Estados Unidos, em contraste, estão em meio a um "boom"
feroz, o que dita uma política monetária mais dura, para não falarmos do medo quanto a uma possível bolha em Wall Street.
O Reino Unido caminha, mais
lentamente, na mesma direção.
Se o Banco Central Europeu tivesse de adotar uma política monetária mais severa do que se esperava no momento -e o Fed e o
Banco da Inglaterra reduzirem
seus juros-, veríamos uma queda na libra para nível mais negociável e, a seguir, uma convergência entre as taxas de juros britânicas e as da zona do euro.
Mas isso seria mais um encontro ao acaso do que uma coreografia. De fato, grandes movimentos do euro e das taxas de juros britânicas em direções opostas só serviriam para sublinhar a
imensa diferença entre os ciclos
de negócios no Reino Unido e na
zona do euro.
Tradução de Paulo Migliacci
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